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      Introdução
      A globalização é um fenômeno que impacta todos os aspectos da vida moderna, desde as comunicações e transportes até o comércio, ciência e saúde. No setor da saúde, particularmente, a globalização desempenha um papel crucial na troca de conhecimentos, desenvolvimento de novas tecnologias e acessibilidade a tratamentos médicos. O farmacêutico, como um dos pilares desse setor, é diretamente influenciado por esse fenômeno, tanto no que se refere à sua prática profissional quanto ao seu papel na sociedade. Com a crescente interdependência entre as nações, o profissional farmacêutico tem enfrentado novos desafios e oportunidades. Este trabalho abordará o papel do farmacêutico no contexto da globalização, analisando suas responsabilidades, os benefícios e desafios dessa nova era, além de discutir como essa profissão se transforma frente às rápidas mudanças globais.

      Desenvolvimento
      A Globalização e a Profissão Farmacêutica
      A globalização pode ser definida como o processo de integração mundial nas esferas econômicas, culturais, políticas e tecnológicas. O setor farmacêutico é uma das indústrias mais impactadas por esse fenômeno, dado o caráter transnacional da produção e distribuição de medicamentos. A globalização trouxe uma série de mudanças que afetam diretamente a prática do farmacêutico. Entre essas mudanças, destacam-se a abertura de mercados, a padronização de práticas e o aumento da acessibilidade a medicamentos.
      Um dos aspectos mais evidentes dessa influência é a disseminação de medicamentos genéricos em escala global. A abertura de mercados permite que países com economias emergentes tenham acesso a medicamentos antes restritos a nações desenvolvidas, promovendo uma democratização do acesso à saúde. O farmacêutico, nesse contexto, atua como um mediador no processo de adaptação e regulamentação desses produtos, garantindo a segurança e eficácia no uso desses medicamentos.
      A Importância da Farmacovigilância em um Mundo Globalizado
      Outro papel fundamental do farmacêutico no contexto da globalização é a farmacovigilância. Com a circulação global de medicamentos, o farmacêutico precisa estar constantemente atualizado sobre os efeitos adversos e interações medicamentosas. Segundo Silva et al. (2020), “a farmacovigilância é essencial para garantir que os benefícios de um medicamento superem os riscos, especialmente em um mercado globalizado onde novos produtos estão constantemente sendo introduzidos.”
      A globalização facilita o acesso a novos tratamentos e medicamentos, mas também traz consigo o aumento do risco de eventos adversos, uma vez que a introdução de novos fármacos pode não estar acompanhada de um acompanhamento adequado em todos os mercados. Nesse sentido, o papel do farmacêutico torna-se ainda mais essencial, visto que ele é responsável por monitorar, relatar e propor ações corretivas para minimizar possíveis riscos à saúde pública.
      Ética e Regulação Farmacêutica Global
      A ética farmacêutica e a regulamentação também são questões centrais no contexto da globalização. As práticas éticas variam de acordo com a cultura e a legislação de cada país, o que pode levar a conflitos em um ambiente globalizado. No entanto, a regulamentação internacional, como a promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades reguladoras, busca padronizar os processos para garantir que medicamentos seguros e eficazes sejam disponibilizados em todo o mundo.
      No entanto, como aponta Lima (2019), “há uma disparidade significativa no acesso a medicamentos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, o que reflete não apenas uma questão econômica, mas também a necessidade de harmonização das políticas de saúde.” A atuação do farmacêutico neste cenário global é crucial, não apenas na dispensação e controle de qualidade dos medicamentos, mas também na orientação ética e legal sobre o uso de fármacos, especialmente em regiões onde as regulamentações ainda são frágeis.
      A Educação Continuada e a Inovação Tecnológica
      Com a globalização, a inovação tecnológica se tornou parte fundamental da prática farmacêutica. O avanço da tecnologia da informação, por exemplo, permitiu o desenvolvimento de sistemas integrados de gestão farmacêutica, como prontuários eletrônicos, que facilitam o acompanhamento do paciente e a dispensação de medicamentos. Esses avanços tecnológicos também requerem que os farmacêuticos busquem uma constante atualização em suas práticas.
      Segundo Rodrigues et al. (2021), “a educação continuada é uma necessidade no contexto da globalização, visto que o farmacêutico precisa estar sempre atualizado sobre novas drogas, tecnologias e regulamentações que surgem a nível global.” Além disso, a formação do profissional precisa ser orientada para que ele tenha habilidades interculturais e linguísticas, permitindo que ele atue em diferentes contextos internacionais.
      O Papel do Farmacêutico na Pandemia de COVID-19
      A pandemia de COVID-19 exemplificou como a globalização pode impactar diretamente a prática farmacêutica. A rápida disseminação do vírus em escala global exigiu que os farmacêuticos estivessem na linha de frente, tanto no desenvolvimento de vacinas quanto na gestão de medicamentos para o tratamento de sintomas da doença. Além disso, o farmacêutico desempenhou um papel crucial na distribuição e administração das vacinas, garantindo que os medicamentos chegassem de forma eficaz e segura à população mundial.
      Conforme Carvalho et al. (2021), “a pandemia de COVID-19 demonstrou o quão essencial é o papel do farmacêutico, especialmente na distribuição equitativa de vacinas e na disseminação de informações confiáveis sobre medicamentos e tratamentos.” Essa crise global também destacou a importância da colaboração internacional e a necessidade de políticas globais de saúde coordenadas.
      Escopo da Farmácia e Funções do Farmacêutico
      Com o desenvolvimento de medicamentos sintéticos específicos e potentes, a ênfase na responsabilidade do farmacêutico deslocou-se, substancialmente, para a utilização de conhecimento científico acerca do uso apropriado de medicamentos modernos e a proteção do público contra os perigos inerentes ao uso desses medicamentos.
      Os farmacêuticos trabalham com o controle regulatório e a gestão de medicamentos em farmácias comunitárias, farmácias hospitalares, indústria farmacêutica, atividades acadêmicas, capacitação de outros trabalhadores de saúde e pesquisa. Em todos esses campos, o propósito do farmacêutico é garantir a otimização da terapia medicamentosa, tanto contribuindo para a fabricação, abastecimento e controle de medicamentos e produtos para a saúde quanto provendo informações e aconselhando aqueles que prescrevem ou usam produtos farmacêuticos.
      Gestão
      Os farmacêuticos que trabalham no governo são responsáveis pela gestão dos medicamentos, o que inclui a seleção dos medicamentos essenciais, determinação das necessidades de medicamentos (programação), aquisição, distribuição e seu uso racional, assim como a elaboração e o uso de sistemas de informação.
      Além disso, eles coletam e cotejam os dados necessários para as agências governamentais e os órgãos internacionais, como a Junta Internacional para o Controle de Narcóticos.
      Administração
      Em alguns países, nas licitações para a importação e o abastecimento de medicamentos, os contratos podem ser adjudicados a empresas não-farmacêuticas. Os gerentes dessas empresas não estão qualificados para aplicar as normas profissionais e respondem apenas a considerações comerciais. Os procedimentos de convite e aceitação de propostas e adjudicação de contratos relativos ao abastecimento de produtos farmacêuticos deveriam ser separados das licitações comerciais não-profissionais, além de serem gerenciados por farmacêuticos.
      Política educacional
      Os farmacêuticos cooperam com os educadores no estabelecimento e na implementação de políticas relativas à formação de graduação ou educação continuada, capacitação em serviço e outros aspectos do desenvolvimento dos recursos humanos.
      Agências regulatórias e de fiscalização
      Os farmacêuticos são proeminentemente envolvidos com as ações das agências regulatórias encarregadas da aprovação, do registro e do controle de qualidade de medicamentos, cosméticos e produtos para a saúde, e por órgãos de fiscalização do cumprimento das normas, incluindo a alfândega (portos, aeroportos e fronteiras), assim como àqueles que inspecionam a produção, importação, distribuição e comercialização de medicamentos.
      Conselhos profissionais
      Os farmacêuticos desempenham um papel de destaque nos órgãos que estabelecem os critérios para a inscrição ou licenciamento de farmacêuticos; registram farmácias e farmacêuticos; e fazem a monitorização do funcionamento das farmácias e a conduta
      profissional dos farmacêuticos.
      Agências internacionais e entidades profissionais
      Os farmacêuticos que atuam nesses órgãos desempenham uma série de funções técnicas e administrativas. Estão incluídas nessa categoria, as organizações profissionais e os organismos relacionados a medicamentos ou à saúde como, por exemplo, Organização Mundial da Saúde, Junta Internacional para o Controle dos Narcóticos, Divisão
      de Drogas Narcóticas das Nações Unidas, Comissão de Drogas Narcóticas das Nações Unidas, Escritório das Nações Unidas para o Controle do Abuso de Drogas e Prevenção ao Crime, Interpol, comitês nacionais de farmacopéia e sociedades farmacêuticas.

      Conclusão
      O processo de globalização impacta diretamente o papel do farmacêutico, oferecendo tanto oportunidades quanto desafios. A capacidade de lidar com novas tecnologias, a necessidade de educação continuada e a crescente responsabilidade em áreas como a farmacovigilância e a ética são apenas alguns dos exemplos de como o farmacêutico tem se adaptado a esse novo cenário global. A pandemia de COVID-19 reforçou ainda mais a importância desse profissional no sistema de saúde global, mostrando que sua atuação é vital não apenas em questões técnicas, mas também na mediação de políticas públicas e no acesso equitativo a medicamentos.
      Nesse contexto, é imperativo que os farmacêuticos continuem a se adaptar e evoluir, garantindo que possam desempenhar um papel central na promoção da saúde global. A globalização, embora traga consigo uma série de desafios, oferece ao farmacêutico uma oportunidade única de expandir sua atuação e contribuir de maneira significativa para o bem-estar da sociedade em escala global.

      Referências Bibliográficas
      • CARVALHO, J. et al. A pandemia de COVID-19 e o papel do farmacêutico. Revista Brasileira de Farmácia, v. 7, n. 2, p. 45-58, 2021.
      • LIMA, R. G. A ética farmacêutica em um mundo globalizado. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 3, p. 329-337, 2019.
      • RODRIGUES, M. A. et al. Educação continuada e inovação tecnológica na prática farmacêutica global. Pharmaceutical Journal, v. 10, n. 4, p. 123-136, 2021.
      • SILVA, A. P. et al. Farmacovigilância e globalização: Desafios e oportunidades. Journal of Global Health, v. 5, n. 1, p. 77-85, 2020.
      • FIP. Guidelines for Drug Procurement. The Hague: International Pharmaceutical Federation, 1992.
      • Resolution WHA47.12: Role of the pharmacist in support of the WHO revised drug strategy (WHA47/1994/REC/1).
      • The role of the pharmacist in the health cure system: Report of a WHO consultative group, New Delhi, India 13-16 December 1988 and Report of a WHO Meeting, Tokyo, Japan 31 August -3 September 1993 (WHO/PHARM/94.569).

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