Usos do paracetamol: suas eficácias e cuidados

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Os usos do Paracetamol são muito discutidos por ele ser o agente de primeira escolha para tratar a dor, além da sua eficácia e segurança. Além disso, pode ser combinado com analgésicos opióides, como codeína, para obter aumento de efeito. Uma meta-análise mostrou que paracetamol apresenta significante efeito poupador de morfina, reduzindo em 20% as doses necessárias deste agente.

Estrutura química do paracetamol

Apesar de ser equivalente a ácido acetilsalicílico (aspirina), prefere-se em pacientes com possibilidade de efeitos adversos de salicilatos e em crianças com infecções virais. Por isso, pode ser prescrito a crianças, grávidas e idosos. Em puérperas, é o analgésico não-opioide mais indicado, por não acarretar efeitos indesejáveis ao lactente.

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Revisão sobre usos do paracetamol

Revisão Cochrane de 51 ensaios clínicos aleatórios, duplo-cegos e controlados por placebo (n=5.702 adultos) avaliou a eficácia de dose oral única dos usos do paracetamol para tratamento de dores agudas pós-operatórias moderadas e intensas.

Aproximadamente metade dos pacientes tratados alcançou pelo menos 50% de alívio da dor em 4 a 6 horas. Portanto, a analgesia não se mostrou dependente de dose.

Não houve diferença significante entre paracetamol e placebo quanto a número de participantes que experimentaram qualquer evento adverso. Entretanto, em pacientes com menos de 18 anos, meta-análise de 17 ensaios clínicos controlados aleatórios e duplo-cegos (n=1.820) demonstrou eficácia analgésica semelhante com dose única de paracetamol ou ibuprofeno (10 mg/kg, para ambos) sobre dores moderadas a intensas24. Incidência de efeitos adversos menores ou graves também foi semelhante entre os dois fármacos.

Ensaio clínico controlado aleatório e duplo-cego (n=464) comparou a eficácia antitérmica de paracetamol (12,5 mg/kg/dose, a cada 6 horas) ou ibuprofeno (5 mg/kg/dose, a cada 8 horas) em monoterapia com administração alternada de ambos os fármacos (a cada 4 horas), por 3 dias, em crianças de 6 a 36 meses.

O grupo que recebeu ambos os fármacos alternadamente apresentou temperatura corporal média, consumo de antitérmico e estresse significantemente menores e redução mais rápida da febre em comparação com os outros grupos. No entanto, não houve diferenças quanto ao número de visitas a emergências pediátricas ou complicações graves de longo prazo.

Paracetamol associado

Ensaio clínico controlado aleatório comparou eficácia antitérmica da administração alternada de paracetamol (15 mg/kg, a cada 4-6 horas, com máximo de 4 doses em 24 horas) e ibuprofeno (10 mg/kg, a cada 6-8 horas, com máximo de 3 doses em 24 horas) com uso isolado de cada um desses fármacos administrados a crianças de 6 meses a 6 anos.

O uso alternado de paracetamol e ibuprofeno foi superior a paracetamol, mas símile a ibuprofeno na redução do período de tempo com febre, nas primeiras 4 hora. Por outro lado, a alternância dos fármacos mostrou-se superior a paracetamol e ibuprofeno isoladamente nas primeiras 24 horas.

Não houve benefício sobre desconforto ou outros sintomas associados a febre. Efeitos adversos não diferiram entre os grupos. Portanto, optando-se pelo uso dos dois fármacos, os autores recomendaram que todas as doses administradas fossem cuidadosamente anotadas, a fim de evitar administração acidental de dose superior à prescrita.

Em estudo adicional, ainda empregando a mesma base de dados, não se observaram grandes diferenças de custo entre os tratamentos. Porém, foi verificado que o uso alternado dos fármacos apresentava melhor resultado e sendo acessível, devido a melhor utilização dos recursos de cuidados de saúde.

Ocorrência dos efeitos adversos

Com os usos de doses apropriadas do paracetamol raramente são relatados efeitos adversos. Portanto, a hepatotoxicidade é extremamente rara com o emprego de doses terapêuticas de paracetamol.

Análise crítica dos dados na literatura indica que muitos pacientes com alegada toxicidade hepática por doses terapêuticas de paracetamol, tomaram quantidades excessivas do fármaco. Além disso, são resultados frequentemente provenientes de série de casos, sujeitos a maiores vieses.

Revisão sistemática avaliou a ocorrência de insuficiência hepática depois do uso repetido de doses terapêuticas de paracetamol (4 g/dia ou menos), em adultos36. Dos 30.865 indivíduos incluídos em estudos prospectivos, 0,4% apresentou teor de aminotransferase sérica que excedeu o limite superior da normalidade, embora 13,8% tenham usado a máxima dose terapêutica recomendada (3,9 g – 4 g/dia).

Em estudos retrospectivos, envolvendo 9.337 pacientes, 96 (1%) apresentaram alanina aminotransferase sérica que excedeu o limite superior da normalidade, 1 (0,01%) foi submetido a transplante hepático e 6 (0,06%) morreram.

Alguns desses estudos continham informações sugerindo que pacientes ingeriram doses excessivamente altas de paracetamol, apesar da história de uso de doses terapêuticas.

As doses terapêuticas de paracetamol não exacerbam doença crônica hepática sem atividade, e o metabolismo do fármaco é normal nesses pacientes.

Para pacientes com problemas da função hepática recomenda-se mudança de esquema para 1 g, administrado 3x/dia, com duração de tratamento tão breve quanto possível. Em pacientes com cirrose, uso de paracetamol em doses terapêuticas não esteve relacionado à descompensação hepática aguda, mesmo com ingestão recente de álcool.

Artigo extraido do Formulário Terapêutico Nacional, Rename, Brasília 2010.

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