Ciências da Saúde

Discopatia Degenerativa: o que é, sintomas, causas e tratamento

Visitas: 1

Compartilhe

A discopatia degenerativa é uma das condições mais comuns relacionadas à coluna vertebral. Ela afeta milhões de pessoas em todo o mundo e está diretamente associada ao envelhecimento natural, mas também pode ser acelerada por fatores como má postura, sedentarismo e traumas.

1. O que é, afinal, a discopatia degenerativa?

Imagine que a sua coluna é um conjunto de peças empilhadas. Entre essas peças existem “almofadinhas” chamadas discos intervertebrais. Elas amortecem impactos e ajudam a coluna a mexer-se com suavidade.

Com o tempo, esses discos perdem água, ficam mais secos e menos flexíveis. Assim, deixam de proteger bem a coluna. Esse desgaste chama-se discopatia degenerativa.

Segundo Risbud e Shapiro (2014), essa degeneração acontece porque o disco sofre alterações químicas e estruturais que o deixam frágil e menos funcional.

2. Porque isto acontece?

A idade é o principal motivo. Mas não é o único.

Veja os factores que aceleram o desgaste:

  • Má postura
    Ficar muitas horas sentado ou curvado força os discos.
  • Sedentarismo
    A falta de exercício enfraquece os músculos que protegem a coluna.
  • Excesso de peso
    Quanto mais peso, mais pressão sobre os discos.
  • Fumar
    O tabaco reduz a circulação e a nutrição do disco. Battié e Videman (2006) confirmam essa relação.
  • Genética
    Algumas pessoas já nascem com maior tendência para ter discopatia.
  • Traumas ou esforço repetitivo
    Trabalhar pesado, carregar malas ou fazer movimentos bruscos pode acelerar o desgaste.

Com o tempo, esses factores somam-se. Assim, o disco envelhece mais depressa.

3. Principais sintomas da discopatia degenerativa

Nem sempre a discopatia causa dor. Mas quando causa, os sintomas mais comuns incluem:

  • Dor lombar.
  • Dor que desce para pernas ou nádegas.
  • Dor no pescoço que vai para braços e ombros.
  • Formigamento ou dormência.
  • Rigidez ao levantar ou ao ficar muito tempo sentado.
  • Fraqueza muscular.
  • Alívio ao caminhar e piora ao sentar.

A dor lombar é tão comum que quase 80% das pessoas vão sentir isso pelo menos uma vez na vida (GBD, 2017).

4. Como descobrir se tem discopatia degenerativa?

A melhor forma de confirmar é através de uma ressonância magnética. Ela mostra com detalhe se o disco perdeu altura, está seco ou está a pressionar nervos.

O médico também avalia:

  • sintomas,
  • histórico de dor,
  • postura,
  • rotina de trabalho.

O American College of Radiology (2024) considera a ressonância o exame mais adequado para avaliar o disco.

5. Como tratar a discopatia degenerativa

A boa notícia é que, na maioria dos casos, dá para controlar a dor sem cirurgia.

A. Tratamento conservador

1. Medicamentos

Podem ajudar a reduzir a dor:

  • anti-inflamatórios,
  • analgésicos,
  • relaxantes musculares.

Eles aliviam, mas não recuperam o disco.

2. Fisioterapia

A fisioterapia é essencial. Ela ajuda a:

  • fortalecer o core,
  • melhorar a postura,
  • alongar músculos,
  • reduzir a pressão sobre o disco.

Qaseem et al. (2017) mostram que exercícios regulares trazem resultados tão bons quanto alguns medicamentos.

3. Mudanças de hábitos

Podem parecer simples, mas transformam a vida:

  • caminhar mais,
  • evitar longas horas sentado,
  • levantar e alongar-se a cada 40 minutos,
  • perder peso,
  • ajustar a cadeira e a mesa de trabalho,
  • parar de fumar.

4. Infiltrações

Quando a dor está muito forte, o médico pode aplicar corticosteróides para aliviar. É uma medida de curto prazo.

B. Cirurgia

A cirurgia só entra em cena quando:

  • a dor não passa por meses,
  • há compressão forte do nervo,
  • a perna começa a perder força.

As cirurgias mais usadas são:

  • Discectomia (retirar parte do disco).
  • Artrodese (unir duas vértebras para estabilizar).
  • Prótese discal (colocar um disco artificial).

Harrop et al. (2008) mostram bons resultados em casos mais graves.

6. O futuro: terapias regenerativas

A medicina está a avançar muito nesta área. Os cientistas já estudam:

  • células-tronco,
  • biomateriais,
  • hidrogéis,
  • factores de crescimento.

Alguns estudos publicados no Stem Cells Translational Medicine já mostram melhorias em pacientes, mas esse tratamento ainda não é comum nas clínicas. É uma esperança para o futuro.

7. Dá para ter qualidade de vida mesmo com discopatia?

Sim. A discopatia degenerativa não significa que ficará preso à dor. Quando entende a doença e aprende a cuidar da sua coluna, o corpo responde muito bem.

Pode melhorar muito com:

  • fisioterapia,
  • hábitos saudáveis,
  • fortalecimento,
  • boa postura.

Segundo Moseley (2015), até aprender mais sobre dor já reduz a ansiedade e melhora o controlo dos sintomas.

Conclusão

A discopatia degenerativa é comum, mas não precisa limitar a sua vida. Quando usa estratégias certas, a dor diminui, a mobilidade volta e o dia-a-dia torna-se mais leve e confortável.

Com conhecimento, hábitos saudáveis e apoio clínico, consegue recuperar o controlo do seu corpo — e viver com mais confiança, liberdade e bem-estar.

Referências

Battié, M. C., & Videman, T. (2006). Lumbar disc degeneration: epidemiology and genetics. The Journal of Bone and Joint Surgery, 88(suppl_2), 3–9.

Brinjikji, W., et al. (2015). Systematic literature review of imaging features of spinal degeneration in asymptomatic populations. AJNR American Journal of Neuroradiology, 36(4), 811–816.

GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. (2018). The Lancet.

Harrop, J. S., et al. (2008). Lumbar disc arthroplasty versus fusion: A meta-analysis. Clinical Orthopaedics and Related Research, 466, 185–192.

Moseley, G. L. (2015). Pain education in musculoskeletal practice. Manual Therapy, 20(2), 236–240.

Qaseem, A., Wilt, T. J., McLean, R. M., & Forciea, M. A. (2017). Noninvasive treatments for low back pain. Annals of Internal Medicine, 166(7), 514–530.

Risbud, M. V., & Shapiro, I. M. (2014). Role of cytokines in intervertebral disc degeneration. Nature Reviews Rheumatology, 10(1), 44–56.

American College of Radiology. (2024). ACR Appropriateness Criteria – Low Back Pain.

Tags: Sistema nervoso, Sistema ósseo
Lipo enzimática: o que é, para que serve, como é feita e riscos
5-HTP (5-Hidroxitriptofano): O Que É, Para Que Serve e Como Tomar

Autor

Leia mais

newsletter augusto bene