A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. Geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos.
O vírus da febre amarela é um RNA-vírus, esférico, envelopado, com aproximadamente 40nm de comprimento e pertencente à família Flaviviridae.
Estudos apontam que o vírus tenha surgido primeiramente nas regiões leste e central da África, com posterior propagação para o oeste africano e de lá para a América do Sul, em virtude das rotas comerciais dos séculos XVI e XVII.
Transmissão da febre amarela
A transmissão do vírus ocorre através da picada de mosquitos por meio de ciclos silvestres, intermediários e urbanos no continente africano e com ocorrência somente do ciclo silvestre na América do Sul.
Na África, o ciclo silvestre conta com o Aedes africanos como vetor e primatas não-humanos como hospedeiros, diferindo da América do Sul que possui insetos dos gêneros Haemagogus (principalmente da espécie Haemagogus janthinomys), e Sabethes como vetores.
Nesse caso, a transmissão para humanos ocorre de maneira acidental, através da sua presença na mata, onde o vetor se localiza. O ciclo intermediário aparece em regiões de savana em que há ocupação humana, sendo que estes fazem o papel de hospedeiros e os insetos de várias espécies do gênero Aedes são os vetores.
Na forma urbana, cuja última notificação na América do Sul foi feita no Brasil, em 1942, o Aedes aegypt é responsável pela infecção do homem.
Prevenção da transmissão
Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação, assim como é feita com a malária.
Os mosquitos criam-se na água e proliferam-se dentro dos domicílios e suas adjacências. Qualquer recipiente como caixas d’água, latas e pneus contendo água limpa são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos, de onde nascerão larvas que, após desenvolverem-se na água, se tornarão novos mosquitos.
Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados. Para eliminar o mosquito adulto, em caso de epidemia de dengue ou febre amarela, deve-se fazer a aplicação de inseticida.
Sinais e sintomas
O quadro clínico da febre amarela pode variar de infecção subclínica à doença sistêmica e estar relacionado com os fatores imunes do hospedeiro, que ainda não são completamente entendidos.
A febre amarela é caracterizada por uma evolução clínica bifásica, separada por um curto período de remissão:
- A fase inicial é marcada por sintomas inespecíficos, que coincide com o período de viremia, nas formas leves e moderadas, as quais representam 90% dos casos. As formas leves e moderadas possuem sintomas como febre alta, sinal de Faget, cefaléia intensa, dores musculares, náuseas e vômitos.
- A segunda fase é caracterizada por disfunção hepato-renal e hemorragias, relacionando-se, em geral, a formas graves da doença. Nas formas graves, responsáveis por quase todas as internações e óbitos, os pacientes apresentam quadro semelhante às outras formas da doença com agravamento dos sintomas, levando a insuficiência renal e hepática.
Tratamento da febre amarela
A Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda nenhum tratamento específico para o paciente acometido pela febre amarela, mas sim, que seja tratado de acordo com seus sintomas.
Apesar da falta de um tratamento específico para a febre amarela, o desenvolvimento de vacinas desde a década de 1930, tem sido muito importante para a prevenção e conseqüente diminuição da incidência da doença no mundo.
A vacinação confere altos níveis de proteção, sendo que cerca de 90% dos indivíduos desenvolvem anticorpos neutralizantes após 10 dias da imunização.
A OMS recomenda intervalos de vacinação de 10 anos para pessoas que vivem em área de risco. Também é indicada a imunização para indivíduos que vão viajar para regiões endêmicas.
A vacina é contra-indicada para: crianças menores de 9 meses, devido ao risco de encefalite viral; gestantes, para evitar a possível infecção do feto; pessoas que possuam hipersensibilidade a ovos e imunossuprimidos.