Por definição dor crônica é aquela dor que persiste após o período estimado para a recuperação normal de uma lesão.
A dor crônica pode surgir no contexto de várias doenças (cancro, artrose, diabetes, zona, etc.), ser agravada por traumatismos ou posições forçadas ou incorretas, estar associada a um período pós-operatório ou surgir sem causa aparente.
Quando a dor aguda evolui para o estado crónico, torna-se um problema de saúde – inicialmente a uma escala pessoal, mais tarde a uma escala pública.
A dor crónica é causadora de morbilidade, absenteísmo e incapacidade temporária ou permanente, gerando elevados custos aos sistemas de saúde, com grande impacto na qualidade de vida do doente e das famílias.
A dor passa a ser o centro de todas as vivências, limitando decisões e comportamentos. Está muitas vezes associada a fadiga, anorexia, alterações do sono, obstipação, náuseas, dificuldade de concentração, entre outros.
Entre as principais consequências da dor crônica destacam-se:
• Incapacidade física e funcional
• Dependência
• Afastamento social
• Alterações na líbido
• Mudanças na dinâmica familiar
• Desequilíbrio económico
• Falta de esperança
Essas consequências levam muita gente procurar por um tratamento adequado, embora se saiba que a dor crônica só pode ser atenuada por medicamentos e não erradicada; salvo se conhecida a causa e curada.
Tratamento da dor crônica: uso de marijuana
Nós já discutimos sobre o tratamento da dor em um dos nossos artigos (veja aqui). Nesta secção iremos apenas abordar o aspecto das descobertas recentes, relacionadas a maconha ou marijuana.
Evidências científicas (veja aqui) apoiam o uso de marijuana (ou maconha) para tratar a dor crônica, neuropática e outras dores. No entanto, as pessoas que vivem em alguns estados não podem usá-lo.
O uso de maconha para dor crônica, dor neuropática e espasticidade devido à esclerose múltipla é apoiado por evidências de alta qualidade. Seis estudos que incluíram 325 pacientes examinaram a dor crônica, seis estudos que incluíram 396 pacientes investigaram a dor neuropática e 12 estudos que incluíram 1600 pacientes com foco na esclerose múltipla. Vários desses estudos tiveram resultados positivos, sugerindo que a maconha ou os canabinóides podem ser eficazes para essas indicações.
Noutro artigo podemos ler que “houve evidência de qualidade moderada para apoiar o uso de canabinóides para o tratamento da dor crônica e espasticidade. Havia evidências de baixa qualidade sugerindo que os canabinóides estavam associados a melhorias nas náuseas e vômitos devido à quimioterapia, ganho de peso na infecção pelo HIV, distúrbios do sono e síndrome de Tourette.” Leia mais
Onde tratar a dor em Moçambique
O tratamento da dor em Moçambique é efectuada no Hospital Central de Maputo. A Unidade da Dor do HCM é de referência nacional e uma das melhores em termos de infra-estruturas, equipamento e profissionais especializados na abordagem da dor entre os países africanos de expressão portuguesa.
Neste local não se cura a doença como tal, mas procura-se através de várias terapias, massagens e medicamentos aliviar a dor. Dependendo da evolução do doente as sessões de tratamento podem ser semanais, quinzenais ou mesmo semestrais.
De entre as várias técnicas realizadas para o controlo da dor aguda e crónica consta a infiltração, pontos gatilho, infiltração epidural, PCA (analgesia controlada pelo doente), bloqueios eco-guiados e acupuntura. Actualmente, foi introduzida a ozonoterapia.