Efeitos fisiológicos de Fibras alimentares

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Já definimos a fibra alimentar. Nossa intensão aqui é mostrar os efeitos fisiológicos de fibras alimentares e em geral, os efeitos que aqui referimos estão associados à fermentação mediante bactérias do trato intestinal, à motilidade e velocidade do trânsito intestinal, assim como à modificação da absorção e metabolismo de determinados componentes da dieta.

Situações em que os efeitos fisiológicos de Fibras alimentares são visíveis

A seguir são descritas determinadas situações ou patologias onde o consumo de fibra é recomendado.

a) Prisão de ventre e diarreia

O baixo consumo de fibra é associado ao aumento de episódios de prisão de ventre. Por outro lado a prisão de ventre leve ou crônica geralmente diminui depois da ingestão de alimentos ricos em fibra, se os consumos estiverem dentro das recomendações diárias, que oscilam entre 30 e 35 gramas. Entretanto, o consumo de fibra não é recomendado em casos de prisão de ventre grave ocasionadas a um trânsito intestinal muito lento.

A fibra fermentável melhora os processos diarreicos, isto foi associado à produção de ácidos graxos de cadeia curta. Estes melhorariam a absorção de sódio e água pelo cólon, ajudando a restabelecer o equilíbrio osmótico.

b) Síndrome de intestino irritável

Entre os sintomas identificados nos pacientes com síndrome de intestino irritável está a prisão de ventre. Este sintoma pode ser melhorado com o consumo de fibra alimentar, já que esta ajuda a diminuir a pressão no cólon e reduz a dor abdominal. Entretanto, outro dos sintomas que podem estar presentes nesta síndrome é a diarreia. Ainda não foi demonstrado um efeito benéfico do consumo de fibra em casos de síndrome de intestino irritável que apresentam diarreia.

c) Diverticulose

O consumo de fibra em casos de diverticulose é aconselhado devido a que a fibra parece ajudar a diminuir a pressão intraluminal no cólon, evitando assim a formação de divertículos, uma vez que melhora a função do intestino grosso. Este não é o caso da diverticulite, em cujo caso se encontra contraindicado pelo risco de obstrução.

d) Doença inflamatória intestinal

Ainda não foi demonstrado de forma conclusiva que exista um efeito benéfico no consumo de fibra dietética em pacientes com colite ulcerativa ou doença de Crohn. Entretanto, existem evidências de que seu consumo na colite ulcerativa poderia contribuir favoravelmente, devido ao efeito que os ácidos graxos de cadeia curta produzem no cólon.

e) Síndrome do intestino curto

Em pacientes com síndrome do intestino curto é recomendado o consumo de alguns tipos de fibra, com o objetivo de controlar a diarreia osmótica, estimulando a reabsorção de água. Os ácidos graxos de cadeia curta produzidos mediante fermentação da fibra alimentar poderiam ser a explicação para estes efeitos benéficos.

f) Diabetes

A utilidade do consumo de fibra alimentar sobre o tratamento da diabetes tipo II foi demonstrada tanto em nível de glicemia pós-pandrial assim como sobre a sensibilidade da insulina.

Os mecanismos de ação propostos para explicar tais efeitos são principalmente três. Por um lado se explica que a fibra alimentar causa um atraso no vazamento gástrico, favorecendo a regulação da glicemia pós-pandrial.

Por outro lado, se explica que a produção de ácidos graxos de cadeia curta é uma consequência da fermentação da fibra.

Entre os ácidos graxos produzidos destaca-se o propionato, já que está relacionado com a gliconeogênese no fígado, e isto provoca a redução da insulina.

E em último lugar parece reduzir a resistência periférica da insulina.

As recomendações de consumo de fibra dietética oferecidas no tratamento e prevenção desta patologia são similares às quantidades diárias recomendadas que variam entre 30 e 35 gramas.

g) Obesidade

A fibra dietética contribui no tratamento da obesidade devido a vários fatores. Ajuda a gerar maior sensação de saciedade e contribui com uma densidade calórica menor.

Por outro lado, foi estudado que o consumo de fibras aumenta a sensibilidade periférica à insulina, favorecendo a mobilização de lipídios.

Por fim, seu consumo é associado ao consumo de alimentos fonte de fibra, como as frutas, verduras e hortaliças, todos eles com baixo conteúdo calórico.

h) Colesterol e doença cardiovascular

Estudos revelam que os níveis de colesterol LDL (ou colesterol mau) no sangue podem ser reduzidos entre 5 e 10% após um aumento no consumo de fibra de 5 a 10 gramas.

O mecanismo de ação que explica este fenômeno se centra na redução da absorção de colesterol através do intestino, devido ao efeito quelante da fibra sobre os ácidos biliares, assim como a sua fermentação, que influencia nas rotas metabólicas de síntese de colesterol.

Entretanto, seus efeitos benéficos sobre as patologias cardiovasculares são modestos e poderiam ser associados com a presença de outros componentes incluídos nos alimentos com fibra, como a vitamina E, o magnésio, os fitosteróis ou o ácido fólico.

É por isso que as recomendações atuais para o tratamento das hiperlipidemias estão mais focadas na combinação do aumento do consumo de fibra entre 10 e 25 gramas, junto ao consumo de fitosteróis, com a finalidade de obter uma redução do consumo de medicamentos.

i) Câncer de cólon

Assim como outros nutrientes podem influenciar no aparecimento do câncer de cólon, a fibra é outro composto da alimentação que tem um papel importante na prevenção desta patologia. Estima-se que entre 50 e 79% dos casos de câncer de cólon podem prevenir-se através de uma dieta adequada.

Este efeito protetor é atribuído à diminuição do tempo de trânsito intestinal e, portanto, corta-se o tempo de contato que determinadas substâncias tóxicas e cancerígenas estão expostas no intestino grosso e reto.

Por outro lado, seu efeito também é associado à capacidade da fibra de facilitar a excreção de ácidos biliares nas fezes, assim como o aumento do pH na região do cólon, provocado pela fermentação da fibra por bactérias intestinais.

As recomendações sobre o consumo de fibra dietética na prevenção do câncer de cólon estão entre 30 e 35 gramas ao dia, objetivo que está geralmente muito abaixo nas populações dos países desenvolvidos.

Category: Saúde
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