o sistema imunológico tem um ótimo desempenho e controlo durante a gravidez. No entanto, vírus e bactérias podem superá-lo, o que às vezes leva a terríveis consequências, como esquizofrenia e o nascimento prematuro.
O nascimento prematuro (nascimento antes das 37 semanas de gravidez) pode ser uma das consequências da falha do sistema imunológico durante a gravidez, devido a infeções (estima-se que 40% dos partos prematuros estejam associados a infeção).
Este tipo de nascimento é considerado a principal causa de morte em crianças menores de 5 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2015, isso resultou em quase 1 milhão de mortes em todo o mundo.
Durante a gravidez, o sistema imunológico da mãe está em constante fluxo; fato que pode desencadear diferentes estados inflamatórios.
Inflamação durante a gravidez
Como se sabe, para permitir que o embrião em desenvolvimento se implante, algumas células invadem ativamente o revestimento do útero; levando a uma cascata de resposta inflamatória, semelhante aos eventos que ocorrem durante a cicatrização de feridas.
Se a inflamação for impedida, o implante não poderá prosseguir, destacando a importância das moléculas e células inflamatórias nesse processo.
Este ambiente pró-inflamatório domina as primeiras 12 semanas de gravidez. Durante as 15 semanas seguintes, o feto está num estado de crescimento e desenvolvimento rápidos. As células e moléculas anti-inflamatórias prevalecem.
Algumas células do feto expressam marcadores de superfície celular, ou antígenos, que se originam do pai. Em circunstâncias normais, o sistema imunológico da mãe os reconheceria como estranhos e atacaria as células.
No entanto, as células T reguladoras (Tregs), que são uma forma especializada de glóbulos brancos que promovem um ambiente anti-inflamatório, protegem ativamente essas células fetais.
O sistema imunológico durante a gravidez, principalmente a fase final, volta a um estado pró-inflamatório. Sem isso, a mãe não pode entrar em trabalho de parto. O parto prematuro, por sua vez, pode estar associado a respostas imunes anormais.
Uma série de fatores influencia a forma como o sistema imunológico se comporta durante a gravidez e, cada vez mais, os cientistas acreditam que o microbioma da mãe tem um papel a desempenhar.
Microbioma e sistema imunológico durante a gravidez
Por muitos anos pensou-se que os recém-nascidos recebiam sua primeira dose de micróbios durante o nascimento. Esse pensamento caiu por terra, devido às descobertas microrganismos nas primeiras fezes de bebês, o que significa que alguma transferência de espécies microbianas da mãe para o feto ocorreu antes do nascimento do bebê.
No entanto, não são apenas os micróbios vivos que podem desempenhar um papel no desenvolvimento fetal; fragmentos de micróbios e os produtos da digestão microbiana podem ser transferidos através da placenta.
Apesar disso, não pense que tudo é mil maravilhas; microrganismos podem ser prejudiciais à saúde fetal em alguns casos. Por exemplo, existe uma teoria de que os vírus eliminam os efeitos benéficos que o microbioma normal proporciona, deixando a mãe e o feto em risco.
De acordo com essa hipótese, os vírus desativam os processos de sinalização imunológica que são cruciais para a interação entre o sistema imunológico e as bactérias. Isso deixa a mãe em risco de infecção bacteriana, além do vírus já existente no sistema.
Infecções virais e bacterianas durante a gravidez pode aumentar o risco da criança desenvolver esquizofrenia, distúrbio do espectro do autismo e alergias mais tarde na vida.
O que pode ser a causa? Provavelmente os altos níveis de ativação do sistema imunológico durante a gravidez em resposta a uma infecção são os responsáveis pelo dano irreversível causado ao feto.
Ou seja, mesmo que a infecção não seja transmitida diretamente pela mãe, os níveis de marcadores inflamatórios no feto aumentam nesses casos.
Referências bibliográficas
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