Para saber como se manifesta a infeção por vírus Ebola é necessário primeiro conhecer sua patogênese. Porém, a patogênese definitiva ainda é desconhecida devido à natureza letal do vírus e à raridade dos estudos em humanos.
No entanto, foram identificadas as formas como o vírus infeta, que passamos a descrever:
A transmissão ocorre por meio de duas vias principais: contatos entre humanos e entre humanos e humanos.
A transmissão de animal para humano ocorre através do manejo da carne ou por contato direto com primatas não humanos infectados (como chimpanzés, gorilas morcegos frugívoros e macacos).
No entanto, a transmissão humano a humano é a via principal e ocorre através do contato familiar ou exposição ao sangue e outros fluidos corporais de pacientes que apresentam manifestações clínicas, ou mesmo após o manuseio do paciente (corpos mortos).
Sangue, sêmen e vômito são os fluidos corporais mais infecciosos.
Apesar de sua detecção no leite materno, a amamentação não é uma rota confirmada para a transmissão do vírus Ebola, como acontece com as gotículas, ar e mosquitos e picadas de insetos.
O que ocorre durante a infeção pelo vírus Ebola?
Na infecção inicial, o vírus invade o organismo através de feridas na pele, fazendo com que células como monócitos, macrófagos e células dendríticas modulem seus genes, sofrem apoptose e liberam partículas virais para o tecido extracelular.
As partículas virais migram das células infectadas para os linfonodos regionais, causando linfadenopatia.
A disseminação da corrente sanguínea para o fígado e o baço induz uma resposta inflamatória ativa associada a necrose hepatocelular e linfopenia.
O vírus induz a liberação de mediadores pró-inflamatórios, como citocinas e quimiocinas que causam desregulação do sistema imunológico.
As citocinas liberadas e o fator de necrose tumoral-alfa de macrófagos infectados alteram a integridade do sistema vascular, resultando em coagulação intravascular disseminada e falência múltipla de órgãos.
Como se manifesta a infeção por vírus Ebola?
A infeção por vírus Ebola causa uma febre hemorrágica aguda, que tem um período de incubação de 2 a 21 dias.
Essa febre é caracterizada por sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, calafrios, mal-estar e mialgia.
O estado febril pode ser leve durante a fase inicial da doença, mas pode se manifestar com um início agudo e muito pior com calafrios.
Os sintomas mais comumente descritos são febre em combinação com uma erupção maculopapular em torno da face, pescoço, tronco e braços, geralmente aparecendo no dia 5-7 da doença.
Os sintomas mais comuns foram febre, fadiga, vômitos, diarréia e anorexia no surto atual na África.
Febre hemorrágica
Febre hemorrágica viral é o principal achado da doença por vírus Ebola. Devido à hemorragia trombocitêmica e mucosa (especialmente na conjuntiva), podem ser observadas petéquias e equimoses nestes pacientes.
Hemorragia maciça, geralmente é observada apenas em casos fatais, especialmente no sistema gastrointestinal.
Além do sistema sanguíneo, há também comprometimentos cardíacos, renais, pulmonares, neurológicos, gastrointestinais e hepáticos.
Perdas profundas de fluidos do trato gastrintestinal resultam em depleção de volume, anormalidades metabólicas, como hiponatremia, hipocalemia e hipocalcemia, choque e falência de órgãos.
Os pacientes que apresentam sintomas respiratórios, neurológicos ou hemorrágicos apresentam maior risco de morte.
Referências
- Kourtis AP, Appelgren K, Chevalier MS, McElroy A. Ebola virus disease: focus on children. Pediatr Infect Dis J. 2015;34(8):893–897. doi: 10.1097/INF.0000000000000707.
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- Khalafallah, Mahmoud Tawfik et al. “Ebola virus disease: Essential clinical knowledge.” Avicenna journal of medicine vol. 7,3 (2017): 96-102. doi:10.4103/ajm.AJM_150_16