Adipócitos podem servir de depósito para o novo coronavírus

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Um estudo da Unicamp mostrou que os adipócitos podem servir de repositório ao novo coronavírus (Sars-Cov-2), o agente responsável pela covid-19.

O que é um adipócito?

Os adipócitos são as únicas células especializadas no armazenamento de lipídios na forma de triacilglicerol (TAG) em seu citoplasma, sem que isto seja nocivo para sua integridade funcional.

adipócitos

Essas células possuem todas as enzimas e proteínas reguladoras necessárias para sintetizar ácidos graxos (lipogênese) e armazenar TAG em períodos em que a oferta de energia é abundante, e para mobilizá-los pela lipólise quando há déficit calórico.

A regulação desses processos ocorre por meio de nutrientes e sinais aferentes dos tradicionais sistemas neurais e hormonais, e depende das necessidades energéticas do indivíduo.

Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo: o branco (TAB) e o marrom (TAM). Todavia, o adipócito branco maduro armazena os TAG em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85 a 90% do citoplasma, sendo o restante da massa representado por água e proteínas.

O TAM é especializado na produção de calor (termogênese) e, portanto, participa ativamente na regulação da temperatura corporal. Entretanto, os depósitos de TAM estão praticamente ausentes em humanos adultos, mas são encontrados em fetos e recém-nascidos.

No geral, as células de gordura têm um papel muito importante na regulação do metabolismo e na comunicação entre vários tecidos. Por outro lado, elas sinalizam para o cérebro quando devemos parar de comer, sinalizam para o músculo quando é preciso captar a glicose presente no sangue e atuam como um termostato metabólico, dizendo quando há necessidade de gastar ou armazenar energia. Caso se confirme, todo o processo acima nos adipócitos poderá ser interferido pelo o coronavírus, causando algum tipo de impacto negaivo.

Doença grave do novo cornavírus grave em obesos e sua relação com adipócios

Os pesquisadores da Unicamp observaram que o novo coronavírus infecta melhor as células adiposas do que, por exemplo, as epiteliais do intestino ou do pulmão. Portanto, os obesos teriam um maior reservatório para o vírus em seu organismo. Talvez seja por isso que pessoas obesas correm mais riscos de desenvolver a forma grave da doença.

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“Temos células adiposas espalhadas por todo o corpo e os obesos as têm em quantidade e tamanho ainda maior. Nossa hipótese é a de que o tecido adiposo serviria como um reservatório para o Sars-Cov-2. Com mais e maiores adipócitos, as pessoas obesas tenderiam a apresentar uma carga viral mais alta”, disse à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) Marcelo Mori, professor do Instituto de Biologia (IB) e coordenador da pesquisa.

A dúvida agora é saber se o vírus consegue sair da célula de gordura com capacidade para infectar outras células do corpo. Os experimentos estão sendo conduzidos in vitro, com apoio da Fapesp, no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve).

Adipócitos envelhecidas e o risco da forma grave da doença do novo coronavírus

O estudo mostrou também que a célula de gordura envelhecida por uma radiação ultravioleta apresentava uma carga viral (de coronavírus) três vezes maior do que as células “jovens”, o que ajudaria a explicar também a razão de os idosos correrem mais riscos com a doença do novo coronavírus.

“Recentemente, começaram a ser testados em humanos alguns compostos capazes de matar células senescentes [que surgem com o envelhecimento]: são as chamadas drogas senolíticas. Nos experimentos com animais, esses compostos se mostraram capazes de prolongar o tempo de vida e reduzir o desenvolvimento de doenças crônicas associadas à idade avançada”, afirmou Mori.

O grupo da Unicamp teve então a ideia de testar o efeito de algumas drogas senolíticas no contexto da infecção pelo SARS-CoV-2. Em experimentos feitos com células epiteliais do intestino humano, observou-se que o tratamento reduziu a carga viral das células submetidas à radiação UV.

“Alguns compostos chegaram a inibir em 95% a presença do vírus. Agora pretendemos repetir o experimento usando as células adiposas”, explicou.

As etapas seguintes da pesquisa incluem a análise de céulas obtidas de pacientes com diagnóstico de covid-19, obtidos por meio de biópsia. “Um dos objetivos é avaliar se essas células encontram-se de fato infectadas e se o vírus está se replicando em seu interior.”

Fonte: R7 (link)

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