Clindamicina: usos, efeitos colaterais e interações

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A clindamicina tem como sua apresentação comprimidos de 300 mg, cápsulas de 150 mg, sulução oral infantil de 75 mg/5 mL. A clindamicina injectável se apresenta em ampolas de 4 mL contendo 150 mg/mL. Também podem ser encontradas clindamicina creme vaginal de 20 mg/g, gel ou pomada da clindamicina. Solução de aplicação na pele de 10 mg/mL em cada frasco de 30 mL.

A clindamicina é um antibiótico que serve como tratamento alternativo nas infecções por bactérias gram-positivas em doentes alérgicos à penicilina. Ele Útil também nas infecções por S. aureus e anaeróbios. O creme vaginal é usado para tratar a vaginose bacteriana sintomática. Enquanto a solução de aplicação na pele serve para tratamentos da acne vulgar, sobretudo quando existem lesões pustulosas.

Também pode ser indicada em particular nas infecções estafilocócicas das articulações e dos ossos (osteomielite), nas peritonitis e nas infecções dos tecidos moles principalmente por bacteroide fragilis, nos abcessos pulmonares e amigdalites que não respondem à penicilina.

A clindamicina pode ser associada a outros medicamentos para ser uma alternativa ao cotrimoxazol no tratamento da pneumonia por P. carinii e na toxoplasmose. Também pode ser útil na prevenção da endocardite nos doentes alérgicos à penicilina.

Clindamicina posologia

Tratamento geral

  • Adultos: 150-300 mg de 6/6 h.
  • Crianças: 3-6 mg/kg/dose de 6/6 h.
  • Recém-nascidos (2 semanas a 1 mês de idade): 5 mg/kg/dose de 8/8 h.

Tratamento da pneumonia por P. carinii.

A clindamicina é usado como alternativa ao cotrimoxazol. Nestes casos a posologia costuma ser de 300-600 mg de 6/6 h, no adulto (20-30 mg/kg/dia, divididos em 4 tomas, para crianças) associada a 15-30 mg/dia de primaquina base no adulto (0,25 – 0,30 mg /kg /dia na criança) durante 21 dias.

No tratamento da toxoplasmose

Geralmente nestes casos, costuma a clindamicina costuma ser alternativa à sulfadiazina+pirimetamina. Sendo que as doses costumam ser de 600 mg de 6/6 h no adulto (15–30 mg/kg/dia, divididos em 4 tomas, nas crianças) associada a pirimetamina (200 mg/dia de início seguido de 50-75 mg/dia no adulto e 2 mg/kg no 1º dia seguido de 1mg/kg/dia na criança) e ao ácido folínico (10-20 mg/dia no adulto e 5 – 10 mg 2x / semana na criança).

Clindamicina creme vaginal

Introduzir 5 g do creme (100 mg) por via vaginal, ao deitar, durante 7 dias.

Solução de aplicação tópica

Aplicar uma camada fina de solução ou da loção 2 x/dia na área afetada. A forma loção deve ser agitada imediatamente antes da aplicação.

Clindamicina injetável

As injeções de clindamicina são administradas nas infecções graves ou quando não se pode administrar por via oral. As doses e posologias costuma ser de:

  • Adultos. Administração intramuscular (I.M.) ou endovenoso (E.V). lento 0,6-1,2 g/dia divididos em 2-4 tomas. Nas infecções severas: 1,2-2,7 g/dia em 3-4 tomas (dose máxima de 4,8 g/dia). A clindamicina para administração E.V. deve ser sempre diluída e administrada lentamente durante 20 min e cada perfusão não deve exceder os 1,2 g. Por via intramuscular não se deve administrar mais de 600 mg em cada aplicação. Nestas circunstâncias preferir a perfusão E.V.
  • Crianças. I.M. ou perfusão E.V. durante 30-60 min: 10-20 mg/kg/dose de 8/8 h (dose máxima de 900 mg/dia).
  • Recém-nascidos (2 semanas a 1 mês de idade). E.V. lento: 5 mg/kg/dose de 8/8 h; I.M. ou perfusão E.V. durante 30-60 min: 10-20 mg/kg/dose de 8/8 h (dose máxima de 900 mg/dia).

Efeitos colaterais

  • Frequentemente efeitos gastrointestinais como náusea, vómitos, diarreia, dor abdominal, flatulência e esofagite.
  • A secura da pele é o efeito adverso mais comum, quando a clindamicina for aplicada na pele.
  • Colite pseudomembranosa. É uma reação grave e potencialmente fatal, causada pela produção de toxina pelo Costridium difficile. Este efeito ocorre principalmente em mulheres idosas e obriga a suspensão do tratamento.
  • Podem surgir reacções cutâneas como erupção cutânea morbiliforme, urticária, prurido, eritema multiforme, dermatite exfoliativa e vesiculo-bolhosa e raramente anafilaxia.
  • Pode surgir icterícia e aumento transitório de bilirrubina e enzimas hepáticas, leucopenia, agranulocitose, trombocitopénia e eosinofilia.
  • Foram reportadas as seguintes reacções adversas com o uso da clindamicina tópica: dor abdominal, irritação cutânea, dermatite de contato, distúrbios gastrointestinais, sensação de picada nos olhos e foliculite a gram negativos.

Contraindicações

  • História de hipersensibilidade a clindamicina ou lincomicina,
  • gravidez e
  • lactação.

A clindamicina é contraindicaca relativamente a:

  • doença gastrointestinal especialmente a colite ulcerativa,
  • colite associada ao uso de antibióticos,
  • enterite regional,
  • insuficiência hepática severa.

Precauções

É aconselhado fazer testes de função renal, hepáticae a contagem de células sanguíneas quando usado de forma prolongada especialmente em recémnascidos, lactentes, idosos e na gravidez.

Evitar o uso de injeções da clindamicina que contém álcool benzílico nos recém-nascidos.

Pode ser necessário suspender imediatamente o tratamento e investigar a causa sempre que ocorrer diarreia significativa ou colite no decurso do tratamento.

A clindamicina deve ser tomada com alimentos quando existir intolerância gastrointestinal (poderá retardar mas não diminuir a absorção).

Airritação esofágica pode ser evitada tomando o medicamento com uma quantidade adequada de líquidos. É frequente a resistência cruzada com a eritromicina.

A dor no local da injeção da clindamicina pode ser minimizada aplicando uma injeção I.M. profunda. Evitar a administração E.V. rápida.

A solução deve ser prescrita com cuidado nos indivíduos atópicos.

Interações

A clindamicina tem atividade bloqueadora neuromuscular em altas doses e geralmente potencializa os efeitos de outros agentes bloqueadores neuromusculares, com risco de desenvolver depressão respiratória.

Antagoniza o efeito da eritromicina, cloranfenicol, neostigmina e piridostigmina.

Antidiarreicos absorventes: diminui a absorção oral pelo caulim.

Incompatibilidade física com ampicilina, fenitoína, barbitúricos, gluconato de cálcio aminofilina, sulfato de magnésio, ceftriaxona e ranitidina.

Mecanismo de ação da clindamicina

Liga-se à subunidade 50S dos ribossomos, nos mesmos receptores da eritromicina e do cloranfenicol. A clindamicina dissocia o peptidil-tRNA do ribossomo bacteriano, interrompendo assim a síntese de proteínas bacterianas. Também foi demonstrado em algumas espécies bacterianas, como Bacteroides fragilis, que a clindamicina promove a fagocitose. Ela é 2 a 4 vezes mais potente do que a lincomicina.

estrutura química da clindamicina
estrutura química da lincosamida e clandimicina

A clindamicina tem uma boa absorção oral; a presença de alimento no estômago não modifica a absorção. Após a administração oral, o tmax é de 1 hora, atingindo a concentração máxima de 2,8 microgramas / mL com a dose de 150 mg.

A distribuição é boa, atingindo altas concentrações nos fluidos ósseo e sinovial, pleural e peritoneal. Atinge muito mal o SNC, mas atravessa a barreira placentária.

A ligação às proteínas é de 60-95% e é eliminada principalmente pela bile, na bile atinge níveis muito elevados, se não houver obstrução. A eliminação urinária é muito baixa (6-10%).

A meia-vida é de 2 a 2,5 horas em adultos saudáveis; no caso da anúria, pode durar até 6 horas, embora se a função hepática estiver normal, não é necessário modificar a posologia. Não é removido por hemodiálise.

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