Alcachofra, cientificamente conhecido como Cynara cardunculus L., é uma planta herbácea perene, espinhosa, com aproximadamente 1,5 m de altura. As folhas são grandes, alternadas, profundamente dentadas. As flores roxas altas são agrupadas em grandes capítulos, com 10-15 cm de diâmetro, sustentados por hastes estriadas ramificadas e resistentes, com folhas sésseis e quase inteiras.
A alcachofra é nativa do Mediterrâneo, norte da África e sul da Europa e das Ilhas Canárias; cultivado em regiões subtropicais.
As alcachofras são ervas que têm baixo teor de gorduras, mas são ricas em fibras e vitaminas e minerais, incluindo a vitamina C, vitamina K, folato, fósforo e magnésio.
Essa erva contém até 6% de ácidos fenólicos, incluindo ácido clorogênico, ácido cafeico e cinarina; até 5% de lactonas sesquiterpênicas, sendo a cinaropicrina o componente primário; e flavonóides (0,35–0,75%) incluindo escolmosida, cynaroside e cynarotrioside.
A alcachofra possui vários benefícios para saúde, incluindo tratamento de problemas do trato digestivo, como dispepsia, flatulência, náuseas, dores de estômago e vômitos; e pode ajudar no tratamento do excesso do colesterol no sangue. Para mais detalhes veja a seção abaixo.
1. Efeitos antidispépticos da alcachofra
A dispepsia ou simplesmente indigestão pode causar desconforto ou dor no abdômen superior, ela pode ser o resultado de vários problemas de saúde, incluindo refluxo gástrico e úlcera gástrica. Alcachofra pode tratar os principais sintomas da dispepsia.
Foi provado que uma dose diária de 4-6 cápsulas (contendo 320,0 mg de extrato por cápsula), por uma média de 43,5 dias, pode tratar a dispepsia. No estudo conduzido por Fintelmann (1996) as queixas digestivas diminuíram significativamente, em 71%, durante o período de tratamento.
2. Redução do colesterol e lipídios no sangue
Vários estudos descobriram que a cinarina (um dos componentes da acachofra) reduz colesterol sérico (no sangue) total em pacientes após o tratamento com doses orais de 750-1500 mg por dia (Englisch W et al. 2000, Petrowicz O et al, 1997, Salem et al, 2015).
Embora haja essas informações de que a alcachofra tem potencial para reduzir os níveis de colesterol, mas as evidências ainda não são convincentes (Wider et al, 2013). Portanto, mais pesquisas controladas são necessárias para se afirmar.
3. Síndrome do intestino irritável
A síndrome do intestino irritável é caracterizada por dor abdominal e hábito intestinal alterado, tem sintomas que se sobrepõem aos da dispepsia. Como a alcachofra é usada para o tratamento da dispepsia, um estudo foi realizado para avaliar seus efeitos na síndrome do intestino irritável.
No estudo, 279 pessoas com sintomas de síndrome do intestino irritável revelou reduções significativas na gravidade dos sintomas após uso da alcachofra por 6 semanas. Os sintomas que melhoraram incluíram dor abdominal, distensão abdominal, flatulência e constipação (Walker et al, 2001).
4. Efeito antioxidante
Um estudo mediu os efeitos dos extratos aquosos e etanólicos das folhas da alcachofra no estresse oxidativo intracelular. Ambos os extratos inibiram basal e estimularam produção de espécies reativas de oxigênio em células endoteliais e monócitos, de uma forma dependente da dose (Zapolska-Downar D et al, 2002).
O estrato da folha de alcachofra também produz uma inibição do estresse oxidativo dependente da concentração quando as células são estimuladas com agentes que geram espécies reativas de oxigênio (ROS). A cinarina, o ácido cafeico, o ácido clorogênico e a luteolina, constituintes do extrato da folha de alcachofra, também apresentam atividade inibitória, contribuindo para a atividade antioxidante do extrato em neutrófilos humanos (Pérez-García, Adzet, Cañigueral, 2009).
5. Proteção do fígado
Os extratos aquosos das folhas alcachofra podem proteger células do fígado de ratos, ou seja, extratos de alcachofra em concentrações entre 0,08 e 0,5 mg / ml foram capazes de prevenir a formação de bizarras transformações da membrana canalicular. Este efeito pode contribuir para a influência hepatoprotetora geral desta formulação à base de plantas (Gebhardt R. 2002).
Colak e colaboradores (2016) verificaram que o extrato da folha de alcachofra pode curar células do fígado que foram induzidos ao estresse oxidativo induzido por CCl 4, reduzindo a peroxidação lipídica, além de proporcionar a capacidade antioxidante para a faixa normal. Os mesmos autores verificaram efeitos positivos sobre a via do mecanismo de regulação permitindo a reparação de danos no ADN das células do fígado.
Outro estudo em ratos verificou que o estrato de alcachofra evitou em grande parte a necrose das células do fígado hepatócitos induzida pelos hidroperóxidos. Os extratos de alcachofra não afetaram o nível celular de glutationa (GSH), mas diminuíram a perda de GSH total (Gebhardt, 1997).
6. Esvaziamento da vesícula biliar (atividade colerética)
Um estudo investigou os efeitos dos estratatos da folha de alcachofra no fluxo biliar e na formação de compostos biliares em ratos. Os autores verificaram que houve aumento significativo no fluxo biliar após o tratamento com os estratos. Além disso, esses efeitos foram semelhantes aos do composto de referência ácido desidrocólico (DHCA) (Rodriguez, Giménez, Vázquez, 2002).
Extratos de folhas de alcachofra mostraram ter um efeito anticolestático provavelmente devido ao conteúdo de flavonóis (luteolina e, em menor grau, luteolina-7-O-glucosídeo) desses extratos (Gebhardt).
7. Reduz açúcar no sangue
Um estudo realizado em 39 pessoas com sobrepeso descobriu que consumir feijão e extrato de alcachofra todos dias, durante dois meses, reduziu os níveis de açúcar no sangue em jejum. No entanto, não está claro quanto desse efeito foi devido ao próprio extrato de alcachofra ( Rondanelli et all, 2011).
Outro pequeno estudo observou que consumir alcachofra fervida em uma refeição pode reduzir os níveis de açúcar no sangue, bem como pode baixar insulina 30 minutos depois de comer. Esse efeito foi observado apenas em adultos saudáveis que não tinham síndrome metabólica (Nomikos et al, 2007).
Embora não se conheça muito bem como esse fenômeno acontecer, parece que o extrato de alcachofra demonstrou retardar a atividade da alfa-glicosidase (Villiger et al, 2015). A alfa-glicosidase é uma enzima que quebra o amido em glicose, impactando assim os níveis do açúcar no sangue.
Recomendação do consumo
Tanto as folhas externas quanto o coração da alcachofra podem ser comidas. Você pode cozer essas partes consumíveis a vapor, fervendo, grelhando ou assando. No entanto, cozinhar a vapor é o método de cozimento mais utilizado e geralmente dura entre 20 a 40 minutos para cozer, dependendo do tamanho. Como alternativa, você pode assar alcachofras por 40 minutos a 177 ° C.
Depois de cozidas, as folhas externas podem ser retiradas e mergulhadas em molho à sua preferência. Mas, pode ser preciso remover a polpa comestível das folhas, você pode fazer isso puxando-as por entre os dentes. Não se esqueça de retirar com uma colher a substância difusa – conhecida como estrangulamento – até chegar ao coração.
Toxicidade da alcachofra
Foram relatadas queixas de problemas gastrointestinais, incluindo diarreia leve, acompanhada de cólicas, dor abdominal superior, náuseas e azia. Reações alérgicas também podem ocorrer em pessoas sensíveis. Entretanto, nenhum evento adverso significativo, exceto desconforto gastrointestinal, foram relatados em ensaios clínicos.
Pacientes com cálculos biliares devem consultar um profissional de saúde antes de usar.
Devido à falta de estudos de segurança e eficácia, o uso de suplementos de alcachofra durante a gravidez não é recomendado.
Existe uma possível interação com anticoagulantes do tipo cumarínico.
Outros nomes
A alcachofra possui outros nomes vulgares, incluindo alcachofa, alcaucil, alcaucoe, artichaut, artichaut commun, artichiocco, artichoke, artichoke thistle, Artischocke, artiskok, carcioffa, carciofo, carciuffolo, cardo alcachofero, cardo de comer, cardo senzaspine, cardoon, dofital ‘roza, edible thistle, enginar, garden artichoke, Gemüseartischocke, globe artichoke, hathi choka, hatichuk, kangar, kangar I dahri, kharshoul, kharsuf, kunjor, Scotch thistle, som-eonggeongqui.
Referências
- Englisch W et al. Efficacy of artichoke dry extract in patients with hyperlipoproteinemia. Arzneimittel-Forschung, 2000, 50:260–265.Fintelmann V. Antidyspeptische und lipidsenkende Wirkungen von Artischockenblätterextrakt. Ergebnisse klinischer Untersuchungen zur Wirksamkeit und Verträglichkeit von Hepar-SL® forte an 553 Patienten. Zeitschrift für Allgemeinmedizin, 1996, 72(Suppl 2):3–19 [in German].
- Fintelmann V, Petrowicz O. Langzeitanwendung eines Artischocken-Extracktes bei dyspeptischem Symptomkomplex. Naturamed, 1998, 13:17–26 [in German].
- Petrowicz O et al. Effects of artichoke leaf extract (ALE) on lipoprotein metabolism in vitro and in vivo. Atherosclerosis, 1997, 129:147.
- Wider B, Pittler MH, Thompson‐Coon J, Ernst E. Artichoke leaf extract for treating hypercholesterolaemia. Cochrane Database of Systematic Reviews 2016, Issue 5. Art. No.: CD003335. DOI: 10.1002/14651858.CD003335.pub4. Accessed 26 July 2021.