Os probióticos, ou um alimento probiótico, é definido como alimento que contém microrganismos vivos que, quando são ingeridos em quantidades suficientes, produzem benefícios na flora intestinal e na saúde, além dos efeitos comuns do alimento. Os principais alimentos probióticos são os que foram submetidos a processos de fermentação, sendo os produtos lácteos os mais habituais.
Desde a antiguidade, numerosas culturas elaboraram este tipo de produtos, baseando-se na fermentação do leite mediante diferentes tipos de micro-organismos. Com a fermentação do leite, produziam um alimento novo e, ao mesmo tempo, aumentavam o tempo de durabilidade do produto. Atualmente, os alimentos probióticos são considerados funcionais pelos efeitos positivos que exercem sobre a saúde, tendo como base seus mecanismos de ação.
A flora microbiana do sistema digestivo exerce funções fundamentais no processo de digestão e bom funcionamento do organismo.
- No estômago, encontram-se em torno de 103 unidades formadoras de colônias (ufc) por mililitro.
- No intestino delgado, albergam-se da ordem de 104 – 106 ufc/mL.
- É o intestino grosso que hospeda o maior número de micro-organismos, na ordem de 1012 ufc/g.
Os agentes ativos dos alimentos probióticos podem ser os próprios micro-organismos vivos capazes de exercer efeitos benéficos sobre o ser humano, ou os metabolitos produzidos por micro-organismos, assim como produtos gerados na fermentação do alimento.
As funções que desempenham os micro-organismos utilizados na elaboração de produtos probióticos e que desencadeiam os efeitos fisiológicos benéficos são:
1. Redução do risco de sofrer infecções gastrointestinais
Foi observado que o consumo de alimentos probióticos aumenta o número de cepas benéficas do trato intestinal em detrimento de cepas putrefativas como Clostridium. Também se demonstrou que, durante o metabolismo das enzimas probióticas, são produzidas bacteriocinas (peptídeos com capacidade antimicrobiana) além de produzir uma baixa de pH, que inibe o desenvolvimento de linhagens patogênicas.
Por outro lado, as bactérias benéficas exercem efeitos competitivos sobre as bactérias prejudiciais na hora de colonizar o intestino humano. É por isso que exercem um efeito proteção e de melhoria para diarreias e gastroenterite.
2. Os probióticos aumentam a função imune
Outro efeito atribuído ao consumo de probióticos é o de aumentar a função imune. Isto se demonstrou no caso de cepas como Lactobacillus casei, que parecem aumentar os níveis de imunoglobulinas (IgA) no sangue, o que melhora os casos de diarreia ocasionados por vírus.
Por sua vez, também aumentam a produção de citoquinas, macrófagos, linfócitos e interferão. Entretanto, embora os estudos mostrem uma resposta não específica positiva do sistema imunológico, este fato não demonstra um aumento das defesas em infecções específicas.
3. Melhora da digestão e biodisponibilidade
No processo de fermentação, os micro-organismos produzem a ruptura parcial de proteínas, que, junto com o poder ácido do meio, ajudam na desnaturação das mesmas. Desta forma, pode-se aumentar a biodisponibilidade da proteína, inclusive seu aumento, já que muitos dos produtos lácteos são elaborados com o acréscimo de leite em pó.
4. Melhora da intolerância à lactose
A intolerância à lactose afeta uma elevada porcentagem da população, embora a prevalência varie dependendo da etnia. Esta intolerância se produz como consequência da ausência da enzima β-galactosidase, que faz com que a lactose não seja assimilável pelo organismo. As bactérias utilizadas em produtos probióticos possuem atividade β-galactosidase e, portanto, podem contribuir à degradação e digestão da lactose.
5. Queda das enzimas fecais e a mutagenicidade
Outro dos efeitos positivos que são atribuídos ao consumo de probióticos é a queda de enzimas eliminadas em fezes, assim como a redução da mutagenicidade. Estudos com Lactobacilos e Bifidobactéria mostram uma menor concentração de β-glucoronidase (estudos realizados com L. acidophilus), β-glucosidase, nitroredutase (estudos realizados com L. acidophilus) e urease em fezes, assim como um menor conteúdo mutagênico fecal em consumidores de carne no churrasco. Este fato pode sugerir um efeito preventivo frente a processos cancerígenos no cólon, com uma menor detecção de células aberrantes.
6. Efeito hipocolesterolêmico
Efeito hipocolesterolêmico significa redução do colesterol no sangue. Este benefício do probiótico é um dos mais controversos, uma vez que, embora na década de 70 e 80 tenham sido realizados estudos que viram uma possível redução do colesterol e triglicerídios após o consumo de probióticos, estudos atuais não revelam mudanças significativas nos níveis de colesterol.
7. Benefícios do probiótico sobre a obesidade e controle de peso
Recentemente, foram atribuídas também propriedades sobre o controle de peso e benefícios sobre a obesidade aos probióticos. Vários estudos atribuíram a algumas variedades de probióticos a redução do peso e da circunferência da cintura e quadril.
Diferentes estudos manifestaram que as pessoas com obesidade mostram uma microbiota intestinal diferente aos de constituição mais atlética, o que poderia interferir no nível de absorção e balanço energético.
Quais são os microrganismos probióticos?
A seguir, apresentam-se os microorganismos mais utilizados no desenvolvimento de alimentos probióticos.
A família das bactérias lácticas é muito ampla e cada espécie tem propriedades diferentes. Além disso, a flora bacteriana natural dos seres humanos é determinada não somente por fatores ambientais, como a alimentação, mas também por fatores genéticos raciais e individuais.
Isto indica que não é igual em todos os indivíduos, o que complica, ainda mais, possíveis determinações e generalizações dos efeitos da ingestão de outras bactérias.
A seguir, descrevem-se as principais cepas empregadas no desenvolvimento de produtos probióticos:
- Lactobacillus bulgaricus e Streptoccocus termophilus: estes microorganismos são os empregados na elaboração do iogurte. Ajudam a manter a flora intestinal, assim como nos processos tanto de diarreia como de prisão de ventre.
- Bifidobactérias: este tipo de microorganismos são os habitualmente utilizados para elaborar produtos lácteos com a etiqueta “bio” ou “bifidus ativo”. São atribuídas propriedades benéficas na constipação, já que parece que melhoram o tempo de trânsito intestinal e o equilíbrio da flora do intestino. Os microorganismos mais habituais são Bifidobacterium bifidum ou Lactobacillus bifidum, assim como Bifidobacterium longum e Bifidobacterium brevis.
- Lactobacillus casei: são-lhe atribuídos os efeitos benéficos sobre o sistema imunológico, mediante o aumento das defesas.
- Lactobacillus acidophillus: outro microorganismo comum nos produtos fermentados, que foi incorporado pela indústria à oferta dos lácteos fermentados (LC1). Na publicidade, são atribuídos os efeitos de melhoria das defesas.
- Lactobacillus reuteri: embora esta bactéria seja conhecida desde princípios do século XX, a investigação de seus possíveis efeitos probióticos e saudáveis é recente. Está presente no leite materno e se estudam possíveis efeitos de estimulação da imunidade. Também lhe é atribuída capacidade para inibir a multiplicação de bactérias patogênicas, como a salmonela, a Shigella ou o Campilobacter, entre outras.
Produtos probióticos
No mercado existem diferentes formas de apresentar os alimentos probióticos:
- Produtos lácteos fermentados: iogurte, kefir, queijos.
- Verduras fermentadas.
- Carnes fermentadas.
- Bebidas.