A metástase é a disseminação de células cancerígenas para tecidos e órgãos além de onde o tumor se originou. Ou seja a metástase ocorre quando um tumor se espalha de um local primário para um local secundário distinto dentro de outro órgão.
A formação de novos tumores (focos secundário e terciário) é o único evento que resulta na morte da maioria dos pacientes com câncer. (Martin, et al, 2013).
Portanto, as células cancerígenas entram inicialmente na corrente sanguínea ou no sistema linfático e são transportadas para outras áreas do corpo através do sistema circulatório.
Após extravasar para os tecidos circundantes, como ossos, linfonodos, pulmões ou fígado, essas células podem crescer para formar um tumor secundário.
Para compreender melhor este artigo por favor tire suas dúvidas a respeito de tumores, leia:
Quais são as fases e os fatores envolvidos na metástase?
Após o crescimento das células cancerígenas para formar um tumor primário, as metaloproteinases da matriz (MMPs) são ativadas. Por conseguinte, essas enzimas permitem que as células cancerígenas invadam os tecidos locais, degradando as membranas basais.
Esses MMPS são produzidos diretamente pelas células cancerígenas ou a matriz extracelular é estimulada pelas células cancerígenas para produzi-las.
As células cancerígenas invasoras passam então por um processo chamado de transição epitelial para mesenquimal (EMT), no qual as células reprimem as caderinas-E e aumentam a regulação das N-caderinas.
Entretanto, esse processo é devido à produção de fatores de transcrição indutores de EMT e permite que as células adotem um fenótipo mesenquimal, auxiliando a capacidade das células de invadir a corrente sanguínea.
As N-caderinas também diminuem a adesão intracelular em comparação às E-caderinas, permitindo maior invasão local do tecido.
As células cancerígenas podem então entrar na corrente sanguínea ou no sistema linfático apertando a superfície dos vasos sanguíneos – esse processo é designado, portanto, intravasamento.
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Uma vez dentro do sistema circulatório, elas se disseminam para locais distintos do corpo e se alojam nos capilares de outros órgãos.
Essas células movem-se através das membranas dos vasos e formam então micro-metástases. Neste ponto, as células cancerígenas podem “colonizar” e formar tumores secundários.
Esses novos tumores estimularão a angiogênese (ou crescimento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes, Wikipédia) adicional, desencadeada pela hipóxia, formando um novo suprimento sanguíneo para apoiar o crescimento e as metástases.
A maioria das células cancerígenas não sobreviverá a esse processo, principalmente devido ao estresse hidrodinâmico da migração na corrente sanguínea e no sistema imunológico. Por isso, um mecanismo de proteção utilizado pela migração de células cancerígenas inclui a formação de grupos heterotípicos, nos quais eles se ligam às plaquetas e evitam o sistema imunológico.
É função geral dos vários mecanismos de proteção permitir que uma pequena minoria de cerca de 1 em cada 10.000 células sobreviva e forme tumores secundários.
Localização da metástase
Se um câncer metastatiza ou não, depende de vários aspectos. Estes incluem o tipo de câncer, tratamentos e agressividade do câncer.
Certos cânceres também metastatizam para órgãos específicos, por exemplo:
- Câncer de mama geralmente metastatizam para o fígado, cérebro, pulmões e ossos;
- Cânceres de pulmão comumente metastatizam para o fígado, ossos, glândulas supra-renais e cérebro.
Essa diferença é muitas vezes determinada pela arquitetura da circulação, com tumores secundários encontrados nos primeiros órgãos localizados a jusante do tumor primário.
Os pulmões são o órgão mais comum da formação de tumores secundários, pois são o primeiro órgão em que o sangue entra após deixar a maioria dos órgãos.
Outros fatores também estão envolvidos, como no câncer de próstata, onde as células frequentemente se metastatizam na medula óssea devido a fatores genéticos.
Diagnóstico e tratamento de câncer metastático
Antes que um câncer possa ser tratado, é importante que o tipo e a localização do (s) tumor (s) sejam identificados. Isso permite o uso de tratamentos direcionados e eficazes.
Um método possível usado para detectar metástases é o uso de glicose radiomarcada. Que é um radiofármaco, ou moléculas marcadas por um isótopo radioativo, administrado ao paciente, por via venosa, antes da realização tomografia por emissão de pósitrons (PET scan).
A PET mede variações nos processos bioquímicos, quando alterados por uma doença, e que ocorrem antes que os sinais visíveis da mesma estejam presentes em imagens de tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Portanto, a glicose radioativa é absorvida pelas células cancerígenas e pode ser detectada, identificando a localização e a quantidade de tumores.
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Atualmente, a maioria dos cânceres metastizados tem opções de tratamento muito limitadas. Entretanto, um método possível é impedir a angiogênese, impedindo o crescimento de novos tumores e a disseminação de células cancerígenas pela corrente sanguínea. Outros métodos incluem a inibição de MMPs e anticorpos VEGF.
Pesquisas adicionais sobre o tratamento são de vital importância, pois mais de 90% das mortes relacionadas ao câncer são devidas a metástases. Portanto, se um tumor permanece em seu local primário, geralmente não é fatal, a menos que afete a função desse órgão, como nos tumores cerebrais.
A metástase é, portanto, um alvo muito importante na terapia do câncer, pois a inibição pode reduzir drasticamente as taxas de mortalidade.
Referências
- Martin TA, Ye L, Sanders AJ, et al. Cancer Invasion and Metastasis: Molecular and Cellular Perspective. In: Madame Curie Bioscience Database [Internet]. Austin (TX): Landes Bioscience; 2000-2013. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK164700/
- Simmons, H. Metastasis Process. Medical Lifecience. Publicado em: Fevereiro/2019.