Angina: sintomas, tipos, causas e tratamento

sintomas e tratamento da angina

A angina, também conhecido como angina pectoris, é um tipo de dor no peito causada pela redução do fluxo sanguíneo para o coração. A dor geralmente ocorre durante a atividade física ou em momentos de estresse. Além disso, ela também pode irradiar para os ombros, pescoço e braços.

Tipos

Existem vários tipos de angina de peito, citamos aqui os tipos mais conhecidos:

  • Angina de peito estável. Geralmente a dor acontecer durante esforço físico ou está sob muito estresse. Ela não piora e tende a não se desenvolve com mais frequência com o tempo. Portanto, ele tem um padrão reconhecível. Além disso, ela é de curta duração (menos de 20 minutos).
  • Angina instável. É uma emergência médica, porque, além dor no peito surgir de repente, ela piora com o tempo sem nenhuma razão óbvia. A angina instável pode causar um ataque cardíaco ou infarto agudo do miocárdio a curto/médio prazo.
  • Angina de Prinzmetal (angina variante). Neste tipo variante de angina, a dor surge com a pessoa em repouso ou durante uma atividade normal durante o dia ou a noite. Não é causado por esforço. Os ataques quase sempre terminam espontaneamente, mas se persistirem por muito tempo, podem levar à morte. Na angina de prinzmetal não há obstrução das artérias coronárias, mas sim episódios repentinos de espasmos da artéria, que provocam redução aguda do fluxo sanguíneo para o miocárdio com duração média de 2 a 5 minutos.

Esses três tipos de angina, não é a única forma de classificá-la. Ela pode ser classificada de acordo com a gravidade da dor.

Classificação de acordo com a gravidade

Segundo a Canadian Cardiovascular Society (CCS) a angina pectoris pode ser classificada da seguinte forma:

  • Grau 1: Atividades físicas comuns e leves, como caminhar ou subir escadas, não causam dor. Angina surge com esforço intenso, rápido ou prolongado. Ela pode ocorrer enquanto estiver no trabalho ou recreação.
  • Grau 2: Ocorre uma limitação ligeira de atividades comuns, incluindo caminhar ou subir escadas rapidamente, subir ladeiras, caminhar ou subir escadas após as refeições, no frio, no vento, sob estresse emocional, penas durante algumas horas após o despertar. Andar mais de dois quarteirões e subir mais de um degrau de escadas comuns e em um ritmo normal também podem desencadear a dor.
  • Grau 3: Limitação marcada da atividade física normal. A dor pode surgir ao andar apenas um quarteirão em terreno plano ou subir um degrau de escadas.
  • Grau 4: Incapacidade de realizar qualquer atividade física ou surgimento da dor mesmo em repouso.

Angina em mulheres

Os sintomas de angina em mulheres podem ser diferentes dos sintomas de angina que ocorrem em homens. Essas diferenças podem levar a atrasos na procura de tratamento. Por exemplo, a dor no peito é um sintoma comum em mulheres com angina, mas pode não ser o único sintoma ou o sintoma mais prevalente nas mulheres. As mulheres também podem ter sintomas como:

  • Náusea
  • Falta de ar
  • Dor abdominal
  • Desconforto no pescoço, mandíbula ou costas
  • Dor aguda em vez de pressão no peito

Qual é a diferença de uma angina instável e infarto agudo do miocárdio?

É um desafio médico encontrar diferença entre angina pectoris instável e infarto agudo do miocárdio, porque os sintomas são praticamente iguais. No entanto, os médicos sempre procuram fazer um diagnóstico diferencial através de um eletrocardiograma e dosagem de enzimas cardíacas específicas (veja a seção diagnóstico).

Como esclarecemos no início sobre o que é angina, apenas lembramos de que a redução do fluxo de sangue é conhecido como isquemia. A isquemia pode surgir em qualquer área do corpo, incluindo o próprio coração humano, a pele, trato gastrointestinal, os olhos, os rins, o cérebro, os pulmões.

Portanto, quando um tecido ou órgão se torna isquêmico, suas células podem ficar sem oxigênio e nutrientes suficientes para seu funcionamento normal. Isso compromete as funções metabólicas, mecânicas e elétricas do tecido em sofrimento. Se a célula continuar sem o fornecimento adequado desses “alimentos” ela pode morrer.

Quando a morte for acontecer no músculo cardíaco, pode acontecer um infarto de miocárdio. Como podemos perceber, o infarto acontece como consequência da isquemia prolongada; ou seja, o infarto pode surgir como resultado de uma angina instável não tratada. O infarto também pode surgir em qualquer parte do corpo.

Como surge angina pectoris?

A angina pectoris ocorre quando o coração não recebe o oxigênio de que precisa para fazer seu trabalho. Muitas vezes, o esforço físico é o gatilho principal para o surgimento da dor anginosa. Nos casos mais graves, mesmo esforços mínimos, como tomar banho ou trocar de roupa, podem ser suficientes para desencadear a dor.

A redução do fluxo de sangue surge, muitas vezes, como resultado da aterosclerose, que é uma condição médica em que uma ou mais artérias coronárias se encontram obstruídas devido a ateroma – placas de colesterol.

Explicamos com detalhes sobre como estas placas se formam no artigo: ateroma e aterosclerose conceito e formação.

Na aterosclerose, as artérias ficam mais estreitas quando a placa de colesterol se acumula dentro delas. Os coágulos sanguíneos também podem bloquear as artérias e reduzir o fluxo de sangue oxigenado para o coração. Contudo, a angina estável costuma surgir quando pelo menos 50% da artéria encontra-se obstruída.

A dor durante os exercícios também podem ser explicados pelo endurecimento das artérias coronárias. Porque estas artérias quando estão saudáveis podem de aumentar em até seis vezes o fluxo de sangue durante atividade física, devida sua capacidade de dilatação. Mas quando, estiver com ateromas elas se tornam rígidas e assim se torna incapaz de atender às demandas do músculo cardíaco.

A dor da angina pectoris também podem surgir devido ao hipertireoidismo, arritmias cardíacas, febre, estresse emocional, alguns medicamentos, crise da hipertensão arterial e anemia.

A anemia pode desencadear episódios de angina não só porque aumenta o trabalho cardíaco, mas também devido à redução da oxigenação do sangue pelo menor número de hemácias circulantes.

A angina de Prinzmetal é causado por um espasmo repentino em uma artéria coronária, que temporariamente estreita a artéria. Esse estreitamento reduz o fluxo sanguíneo para o coração, causando fortes dores no peito. A angina de Prinzmetal ocorre mais frequentemente em repouso, geralmente durante a noite. Os ataques tendem a ocorrer em clusters. Estresse emocional, tabagismo, medicamentos que comprimem os vasos sanguíneos (como alguns medicamentos para enxaqueca) e o uso da droga ilegal cocaína podem desencadear a angina de Prinzmetal.

Fatores de risco

Os fatores de risco para angina são basicamente os mesmos da aterosclerose. Os principais são:

  • Obesidade.
  • Diabetes mellitus.
  • Tabagismo.
  • Idade. Os homens com 45 anos ou mais e mulheres com 55 anos ou mais têm maior probabilidade de apresentar angina instável.
  • História familiar de doença cardíaca
  • Pressão alta
  • Colesterol LDL elevado
  • colesterol HDL baixo
  • Ser homem
  • Ter uma vida sedentária

Fatores de risco adicionais para angina pectoris podem incluir qualquer situação em que o coração precise de mais oxigênio. Por exemplo, uma grande refeição, exposição prolongada a calor extremo ou água fria, atividades físicas vigorosas e estresse emocional podem causar angina estável.

A angina estável é possível mesmo quando não há sinais de doença cardíaca, como falta de ar e dor, dormência, fraqueza ou queda na temperatura nos braços e nas pernas.

Sintomas

homen segurando peito devido a uma dor forte causado pela angina pectoris
Dor forte no peito é o principal sintoma da angina pectoris

O principal sintoma da angina é presença de dor na região central ou à esquerda do tórax, que tende a irradiar para as costas, mandíbula, pescoço, ombros ou para o braço esquerdo. A dor costuma parecer um aperto ou uma sensação de pressão no peito. No entanto, essa dor pode desaparecer se o paciente ficar em repouso ou usa um medicamento (como nitrato sublingual).

Existem casos em que as pessoas também relatam sentir um desconforto, queimação no estômago, mal-estar, falta de ar, palpitação, cansaço súbito ou sensação de desmaio. Esses sintomas são chamados de equivalentes anginosos. São apresentações clínicas de isquemia cardíaca sem a dor anginosa típica.

Sintomas da angina estável

Durante um episódio de angina de peito estável, os seguintes sintomas também são possíveis:

  • A dor é previsível e pode durar menos de 15 minutos. É possível ter um episódio de angina estável a qualquer hora do dia, embora seja mais provável que ocorra pela manhã
  • Falta de ar
  • náuseas
  • cansaço
  • tontura
  • transpiração intensa
  • ansiedade

Sintomas da angina instável

Às vezes, esta condição causa a sensação de ter um ataque cardíaco. Além da dor súbita e duradoura (mais de 20 minutos) a angina pectoris instável pode causar:

  • Náuseas
  • Ansiedade
  • Suor
  • Falta de ar
  • Tontura
  • Cansaço de origem desconhecida

Nestes casos a nitroglicerina (um medicamento que melhora o fluxo sanguíneo) muito usado para a angina estável, não funciona durante um episódio de angina instável.

Dagnóstico

O diagnóstico da angina pectoris pode ser feito com base na identificação clínica da dor e do histórico pessoal do paciente. Estudos mostram que a taxa de acerto é de 93% quando o paciente tem múltiplos fatores de risco e apresenta sintomas típicos da angina.

Lembramos de que a angina é um indicador de presença de isquemia cardíaca, que pode levar ao infarto do miocárdio. Por isso, são necessários fazer outros exames laboratoriais, que incluem:

  • Exames de sangue. Para detectar a presença de enzimas (tipo de proteína) liberados pelo miocárdio quando estive danificado. A troponina é um marcador de necrose do tecido cardíaco. No caso de infarto, a troponina costuma estar elevada, enquanto na angina instável ela encontra-se dentro dos valores de referência. Além disso, pode ser necessário medir os níveis de colesterol e a “proteína C reativa”. Os altos níveis de proteína C reativa podem aumentar o risco de doenças cardíacas.
  • Eletrocardiograma (ECG). Ajuda os médicos a detectar padrões de frequência cardíaca que indicam fluxo sanguíneo reduzido.
  • Ecocardiografia. Durante esse exame, ondas sonoras criam imagens do coração para ver se há problemas relacionados à angina pectoris.
  • Teste de estresse. Os médicos procuram aumentar o trabalho do seu coração trabalhar. Isso ajuda a detectar angina mais facilmente. Como a angina estável geralmente ocorre durante a atividade física, esse tipo de teste ajuda o médico a encontrar o gatilho para seus sintomas.
  • Angiografia coronária. É um tipo de raios-x para estudar a condição e o tamanho das artérias. Uma vez que este exame permite a visualização de estreitamentos e bloqueios das artérias, ele é usado para o diagnóstico da angina instável.

Tratamento

Assim como ocorre com a hipertensão e muitas doenças cardiovasculares, o tratamento da angina é feito através de mudanças de estilo de vida, medicamentos e procedimentos (cirúrgicos) médicos.

Medicação

O tratamento da angina com medicamentos é feito habitualmente com medicamentos podem prevenir e ou controlar as crises de dor. Além disso, os inibidores da agregação plaquetária -que reduzem o risco de trombose e de infarto agudo do miocárdio – também são úteis para o tratamento da angina pectoris. A seguir estão descritos os principais medicamentos antianginosos.

Nitratos

Nitratos são medicamentos usados para tratar angina. Estes medicamentos causam o relaxamento e alargamento dos vasos sanguíneos, permitindo assim que mais sangue flua para o músculo cardíaco.

Os mais utilizados são a nitroglicerina e os nitratos sublinguais, principalmente o mononitrato de isossorbida e dinitrato de isossorbida. Também existem nitratos em forma de adesivo transdérmico, que podem ser utilizados para prevenir as crises de dor anginosa.

Os médicos costuma prescrever o dinitrato de isossorbida de 40 mg para tomar 1 a 2 comprimidos, em intervalos de 12/12 h. Os principais efeitos colaterais do seu uso incluem dor de cabeça, taquicardia e rubor da face, no início do tratamento. Náusea, vómitos, hipotensão postural, tonturas.

Betabloqueadores

Os betabloqueadores são medicamentos que reduzem a frequência cardíaca, assim como a contração do coração e a pressão arterial, principalmente durante o exercício. Praticamente todos os tipos de medicamentos betabloqueadores parecem ser eficazes no controle da angina de esforço.

Alguns medicamentos betabloqueadores, como atenolol, bisoprolol e propranolol, são seguros de se tomar. Mas, podem causar, principalmente em doses altas, bradicardia e disfunção sexual. Podem também provocar broncospasmo em doentes com doença pulmonar obstrutiva e desencadear insuficiência cardíaca.

O uso desses medicamentos em diabéticos deve ser ponderado, porque impede a taquicardia e outros sinais de alerta de uma hipoglicemia.

Bloqueadores dos canais de cálcio

Os bloqueadores dos canais de cálcio, ou antagonistas de cálcio, relaxam e dilatam os vasos sanguíneos ao afetar as células musculares nas paredes arteriais. Isso aumenta o fluxo sanguíneo no coração, reduzindo ou prevenindo a angina.

Eles geralmente dos canais de cálcio, como amlodipina, diltiazem, nifedipina e verapamil, são usados em combinação com betabloqueadores ou como um seu substituto. Os principais efeitos colaterais desses medicamentos incluem dor de cabeça, tonturas, rubor, edema do tornozelo, fraqueza, palpitações e hipotensão.

Inibidores da coagulação sanguínea

A aspirina é um medicamento que impede agregação plaquetária. Os médicos dizem que este efeito se consegue com pequenas concentrações, geralmente 125-250 mg/dia, numa única toma.  prevenção de coágulos sanguíneos também pode reduzir o risco de um ataque cardíaco.

Mas não comece a tomar uma aspirina diária sem falar primeiro com seu médico. Os efeitos colaterais da aspirina incluem irritação gastrointestinal (dispepsia, náusea ou vómitos).

Outros medicamentos como clopidogrel, prasugrel e ticagrelor também podem ajudar a prevenir a formação de coágulos sanguíneos, tornando as plaquetas menos propensas a se agregarem. Um desses medicamentos pode ser recomendado se você tiver uma contraindicação da aspirina.

Outros medicamentos para angina pectoris

  • Ranolazina. É um antianginoso que pode ser utilizado em substituição ou em associação com dos betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio ou nitroglicerina.
  • Estatinas. Esses medicamentos são usados para reduzir os níveis de colesterol. Os médicos prescrevem esses medicamentos para tratamento a longo prazo. Porque só assim que as estatinas previnem e reduzem a aterosclerose, e podem prevenir o infarto do miocárdio.
  • Medicamentos para baixar a pressão arterial. Seu médico pode prescrever medicamentos inibidores da enzima de conversão da angiotensina ou bloqueadores do receptor da angiotensina II, em casos em você apresente pressão alta, diabetes, sinais de insuficiência cardíaca ou doença renal crônica.

Mudanças de estilo de vida

A mudança do estilo de vida em pessoas com angina de peito consiste em reduzir ao máximo os fatores de risco modificáveis. Por exemplo, uma pessoa obesa deve procurar perder peso (veja as dicas para perder peso naturalmente), ter uma dieta equilibrada, praticar atividade física (com orientação do cardiologista), controlar a pressão arterial e o diabetes, assim como reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e evitar o estresse.

Parar de fumar e beber álcool são outras medidas importantes. A nicotina presente no tabaco tende a acelerar o processo de aterosclerose e reduzir o oxigênio no sangue, ela também induz a constrição (redução do lúmen) das artérias coronárias, desta forma aumentando o risco de evento isquêmico. Alguns pesquisadores dizem que isso aumenta cerca de 20 vezes no risco de apresentar um episódio de angina pectoris.

Quanto ao álcool, limite seu consumo para dois drinques ou menos por dia para os homens e um drinque por dia ou menos para as mulheres.

Procedimentos médicos e cirurgias

Muitas vezes os medicamentos e as mudanças do estilo de vida podem ser suficientes ​​para tratar a angina estável. No entanto, há casos em alguns procedimentos médicos como angioplastia, colocação de stent e cirurgia de revascularização do miocárdio são necessários ​​para tratar a angina pectoris.

Angioplastia e colocação de stent

Na angioplastia, também conhecida como intervenção coronária percutânea, é inserido na artéria coronária um pequeno balão. Depois ele é inflado (enchido de ar) para alargar a artéria e, em seguida, uma pequena bobina de tela de arame (stent) é inserida para manter a artéria aberta.

Este procedimento tende a melhorar o fluxo de sangue no coração, reduzindo ou eliminando a angina pectoris. A angioplastia e o stent são uma boa opção de tratamento se você tiver angina instável ou se as mudanças no estilo de vida e os medicamentos não funcionar muito bem para angina crônica.

Cirurgia para revascularizar o miocárdio (bypass)

O procedimento cirúrgico de revascularização do miocárdio (ou baypass) procura contornar uma artéria cardíaca obstruída ou estreita para uma veia ou artéria de alguma outra parte do corpo. A cirurgia de bypass aumenta o fluxo sanguíneo para o coração e reduz ou elimina a angina pectoris. É uma opção de tratamento para angina instável e também para angina estável que não respondeu a outros tratamentos.

Contrapulsação externa

A contrapulsação esterna (ECP), manguitos do tipo pressão arterial são colocados ao redor das panturrilhas, coxas e pélvis para aumentar o fluxo sanguíneo para o coração. Contudo, a ECP requer várias sessões de tratamento. A ECP pode ajudar a reduzir os sintomas em pessoas com angina refratária.

Prognóstico

Os pacientes com angina pectoris geralmente respondem bem aos medicamentos e às mudanças no estilo de vida. No entanto, os que não conseguem adotar um estilo de vida mais saudável podem continuar a sentir dor e têm maior risco de doenças cardíacas. Possíveis complicações da angina pectoris incluem o seguinte:

  • ataque cardíaco
  • morte súbita causada por anormalidades do ritmo cardíaco
  • angina de peito instável

Outras referências usadas PRINZMETAL et al (1959). Angina pectoris. I. A variant form of angina pectoris.

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