A diabetes mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por uma hiperglicémia crónica (excesso de açúcar no sangue), resultante da secreção deficiente de insulina, da acção da insulina ou ambas.
Ela está associada a complicações graves como a cetoacidose e hipoglicémia, assim como a complicações a longo prazo que afectam os olhos, rins, pés, nervos, cérebro, coração e sistema vascular.
Existem pelo menos dois tipos de diabetes: a do tipo 1 e a do tipo 2.
Como é a Diabete Tipo 1?
A doença revela-se na juventude. Normalmente na adolescência ou entre os 20 a 30 anos, mas também pode surgir mais cedo. A diabete tipo 1 apresenta uma rápida instalação de sintomas graves, particularmente perda de peso, sede e poliúria.
Os níveis da glicose (açúcar) sanguínea são elevados e surgem frequentemente cetonas na urina. Se o tratamento for retardado, ocorre cetoacidose diabética (DKA) seguida eventualmente de morte.
A resposta a medicação com insulina é muitas vezes boa. Contudo, a classificação errónea de doentes como sendo do “Tipo 1” acontece provavelmente com alguma frequência, uma vez que ser tratado com insulina não é o mesmo que ser insulinodependente para viver.
Diabete Tipo 2
A maioria dos doentes apresenta sintomas clássicos da diabetes, incluindo produção de muita urina, sede excessiva e comer excessivamente. No entanto, há uma minoria assintomática que é detectada durante o rastreio.
Normalmente, os doentes não procuram muito cedo os cuidados médicos, devido a natureza insidiosa da doença e, por isso, podem apresentar já no diagnóstico sinais de complicações diabéticas, nomeadamente dificuldades visuais devidas a retinopatia, dor ou formigueiro nos pés devidos a neuropatia, úlceras nos pés ou enfarte.
Alguns doentes mais idosos que apresentam a diabete tipo 2 apresentam coma que tem uma elevada taxa de mortalidade.
Diabetes gestacional
A diabetes mellitus gestacional (GDM) é, como o nome indica, uma diabetes que surge durante a gravidez. Embora regrida para uma situação metabólica e clínica normal pós-parto, existe um risco considerável de aquisição posterior de diabetes Tipo 2 (OMS, 1999).
Por essa razão, a GDM deve distinguir-se da doença já existente em mulheres que só depois engravidam. A especial importância da GDM é que ela está associada a problemas da gravidez, em particular se não for detectada nem tratada.
Alguns dos seus efeitos adversos incluem:
- macrossomia fetal,
- eclâmpsia
- atraso do crescimento intra-uterino,
- dificuldades durante o parto,
- hipoglicémia neonatal e
- distúrbios respiratórios.
Para melhor compreender a classificação da diabetes mostramos o quadro abaixo:
Epidemiologia da diabetes
A Federação Internacional de Diabetes (FID) estimou em 2003 que em todo o mundo, cerca de 171 milhões de indivíduos sofriam de diabetes, e que este número irá ultrapassar o dobro em 2030. Cerca de 3,2 milhões de pessoas morrem por ano devido á diabetes e suas complicações. Nos países em desenvolvimento o número de pessoas que sofrem de diabetes irá aumentar em cerca de 150% nos próximos 25 anos, sendo a diabetes do Tipo 2 a mais prevalente.
A diabetes é uma das maiores causas de doença e morte prematura em vários países, sendo também responsável pelo aumento do risco para as DCV e é responsável por 50% a 80% das mortes nestes indivíduos. Com o aumento da prevalência de diabetes em África, a sua conhecida morbilidade, mortalidade prematura e custos de saúde cada vez mais elevados, a prevenção é de primordial importância .
Os principais factores para o aumento da morbilidade são: a idade e aumento da esperança de vida, a tendência crescente para a obesidade, maus hábitos alimentares e o estilo de vida cada vez mais sedentário. Estes factores de risco são liderados pela obesidade, principal factor de risco para o aumento da incidência da diabetes do Tipo 2.
Em Moçambique a prevalência da diabetes na população com idade superior a 20 anos de idade foi estimada em 3,1% em 2003, projectando-se um aumento para 3,6% em 202521. Ainda em 2003, a Fundação Internacional de Insulin (FII) estimou que haviam cerca de 928 crianças com diabetes do Tipo 1, com uma baixa esperança de vida, tendo sido estimada em 3,8 anos para a cidade do Maputo e de 7 meses de vida para a zona rural.
Na população adulta dos 25 aos 64 anos de idade, em Moçambique, a prevalência de diabetes é de 3,8% e o excesso de peso de 30,1% e de 10,2% para o meio Urbano e Rural, respectivamnte. A obesidade como factor de risco mais importante para a diabetes do Tipo 2 já é significativa sendo a prevalência de 11,5% no meio rurbano e de 2,6% para o meio rural.
Em 2014 os diabetes mataram 4,9 milhões de pessoas, em todo o mundo.
Sintomas da diabetes
Os principais sintomas do diabetes são:
- vontade frequente de urinar,
- fome e sede excessiva e
- emagrecimento.
Esses sintomas acontecem em decorrência da produção insuficiente de insulina ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente sua ação, causando assim um aumento da glicose no sangue.
Sinais e sintomas da diabetes tipo 2
Pessoas com diabetes tipos 2 não apresentam sintomas iniciais e podem manter a doença assintomática por muitos anos.
No entanto, devido a uma resistência à insulina causada pela condição de saúde é possível manifestar os seguintes sintomas: fome excessiva, sede excessiva, infecções frequentes.
Alguns exemplos das infeções incluem da bexiga, rins e pele, feridas que demoram para cicatriza, alteração visual (visão embaçada), formigamento nos pés e furúnculos.
Qualquer indivíduo pode manifestar diabetes tipo 2. No entanto, ter idade acima de 45 anos, apresentar obesidade ou sobrepeso e ter histórico familiar de diabetes tipo dois podem aumentar o risco de ter a doença.
Sinais e sintomas da diabete tipo 1
Pessoas com diabetes tipo 1 podem apresentar vontade frequente de urinar, fome excessiva, sede excessiva, emagrecimento, fraqueza, fadiga, nervosismo, mudanças de humor, náusea e vômito.
A diabetes tipo 1 pode ocorrer por uma herança genética em conjunto com infecções virais. A doença pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum ser diagnosticada em crianças, adolescentes ou adultos jovens.
Sinais e sintomas da diabete na gravidez
O diabetes gestacional, na maioria das vezes, não causa sintomas e o quadro é descoberto durante os exames periódicos.
No entanto, devido ao aumento da glicemia durante a gravidez é possível manifestar os seguintes sintomas: sede excessiva, fome excessiva, vontade constante de urinar, Visão turva.
Qualquer mulher pode manifestar a diabetes gestacional. No entanto, ter histórico familiar de diabetes, excesso de peso antes da gravidez e ganho de peso durante a gestação podem favorecer o quadro.
Diagnóstico
Na maioria dos doentes que apresentam os sintomas clássicos da diabetes, o diagnóstico é fácil. Porém, podem surgir problemas com os que têm um menor grau de hiperglicémia, ou com os doentes assintomáticos. Nestas circunstâncias, para fazer o diagnóstico são necessários dois resultados anormais, em ocasiões diferentes. Se ainda assim não se conseguir confirmar o diagnóstico é, normalmente, aconselhável manter a vigilância e realizar novas análises periodicamente, até que se esclareça a situação do diagnóstico. O médico deverá ter em consideração os factores de risco adicionais da diabetes, antes de se decidir o diagnóstico ou o início de uma terapêutica. O diagnóstico da diabetes deverá ser confirmado bioquimicamente, antes de se iniciar o tratamento.
- A presença de sintomas de hiperglicémia, como a poliúria, polidipsia, pruritus vulvae, letargia, perda de peso e uma glicose sanguínea venosa aleatória de ≥11,1 mmol/L, Ou
- Uma glicose sanguínea venosa em jejum de ≥7,0 mmol/L confirmam o diagnóstico da diabetes.
Em doentes assintomáticos, um único resultado anormal de glicose no sangue não é suficiente para fazer um diagnóstico de diabetes. Esse valor anormal deverá ser confirmado na data mais próxima possível, usando um dos seguintes exames: amostra de sangue aleatória ou em jejum x 2, ou um teste oral de tolerância à glicose de 75 g.
Para converter mmol/l em mg/dl, multiplicar o valor de mmol por 18,0.
Para efeitos clínicos, o diagnóstico da diabetes deverá ser sempre confirmado pela repetição da análise em outro dia, a menos que haja certeza inequívoca de hiperglicémia, com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios. As pessoas com má tolerância à glicose ou glicémia em jejum diminuída deverão repetir a análise 1 ano depois.
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Tratamento da diabetes
O tratamento da diabetes implica medidas farmacológicas e não farmacológicas. O diagnóstico precoce e o início atempado do tratamento constituem medidas consideradas eficazes para a diminuição, a médio e longo prazo, das complicações da diabetes.
O tratamento da diabetes visa a normalização dos níveis da glicemia plasmática, dos valores da tensão arterial e dos lípidos plasmáticos, tendo como objetivos, a prevenção das complicações agudas e crónicas, assim como a manutenção da qualidade de vida.
Terapêutica não farmacológica inclui a educação alimentar do diabético, bem como o exercício físico, cessão de hábitos tabágicos e moderação no consumo de álcool. Recomenda-se fazer caminhadas de pelo menos 30 minutos diários, cinco vezes por semana com intensidade moderada.
Já na terapêutica farmacológica ela deve considerada para cada individuo e adaptada à pessoa com diabetes tendo em conta: idade e tempo de evolução da doença, perceção dos sintomas de hipoglicemia pelo próprio e autotratamento, presença de complicações e/ou outras co-morbilidades.
Na escolha do fármaco deve-se ter em conta: i) a sua efetividade e eficácia terapêutica ii) os efeitos adversos iii) o seu perfil de segurança e qualidade, iv) a sua tolerabilidade, v) a facilidade de administração e vi) a relação custo/efectividade . A terapêutica farmacológica da diabetes utiliza fármacos antidiabéticos orais (ADO) e insulinas. Os fármacos podem ser utilizados em monoterapia ou em terapias dupla ou tripla.
Que medicamentos são usados para tratar diabetes?
- Inibidores da alfaglicosidase
- Sulfonilureias
- Glinidas: nateglinida e repaglinida
- Glifage
- Glifage Xr
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