Doxiciclina, cloridrato: usos, reações adversas e interações

cloridrato de doxiciclina

Cloridrato de doxiciclina (100 mg) é um antibiótico que serve para tratamento da pneumonia e outras infecções do trato respiratório inferior. Igualmente pode servir para tratar infecções do trato urinário causadas por Klebsiella, Enterobacter, E. coli, S. Faecalis.

Outrossim, o cloridrato de doxiciclina é utilizado em doenças sexualmente transmissíveis, como uretrite, cervicite, prostatite e epididimite. Assim como cancroide, granuloma inguinal e linfogranuloma venéreo. Também pode ser medicamento alternativo para o tratamento da gonorreia e da sífilis.

Assim como o cloridrato de tetraciclina, este medicamento é eficaz no tratamento das infecções cutâneas (acne vulgar). Infecções por Rickettsia (febre maculosa das montanhas rochosas, tifo, febre Q). Infecções oftálmicas.

As outras infecções nas quais a doxiciclina é eficaz icluem psitacose, brucelose (em combinação com rifampicina), cólera, tularemia, malária resistente à cloroquina, amebíase intestinal aguda (em combinação com outros amebicidas).

O cloridrato de doxiciclina pode ainda servir como medicamento alternativo no tratamento da leptospirose, gangrena gasosa e tétano. Assim como na prevenção da diarreia do viajante, tifo, leptospirose e malária.

Na maioria das vezes, a doxicilina é vendido nas farmácias ou drogarias como cápsulas de 100 miligramas. Lembre-se que os antibióticos podem causar resistência, procure usar conforme a orientação do seu médico.

Vantagens do uso da doxiciclina

  • Poder ser tomada apenas duas vezes ao dia;
  • Não está contraindicada nos doentes com insuficiência renal; e
  • A sua absorção não é afectada pela alimentação. Portanto, a doxiciclina tem sido utilizada também como alternativa à rifampicina na profilaxia de meningite meningocócica, e na irradicação de portadores de meningococus em adultos.

Como tomar? Doses da doxiciclina

Para tratamento geral, é recomendável que um adulto tome 100 mg a cada 12 h, durante 7 dias. Contudo, nas infecções mais ligeiras pode dar-se 200 mg no 1º dia e depois 100 mg/dia). É importante tomar este medicamento com bastantes líquidos e de preferência com o doente em pé ou sentado.

Por outro lado, em crianças com mais de 12 anos ou com mais de 50 kg de peso corporal, a dose usual é 2 mg / kg por via oral a cada 12 h no primeiro dia e, em seguida, 1 mg / kg / dia (dose única ou subdividida a cada 12 h) durante 7 dias.

Na brucelose: administrar durante 42 dias, associada de preferência à estreptomicina (1 g I.M. durante 14 a 21 dias) ou, alternativamente, à rifampicina (15 mg/kg/dia em toma única durante 6 semanas). Esta última associação é preferível nos casos de afecção do sistema nervoso central ou endocardite.

Uretrite não gonocócica, cervicite e infecções retais causadas por Chlamydia serão tratadas com 100 mg de doxiciclina 2 vezes / dia. No caso de doença inflamatória pélvica, a duração será de 14 dias.

Sífilis primária e secundária em mulheres alérgicas à penicilina não grávidas: 100 mg, 2 vezes / dia durante 2 semanas.

Na prevenção (profilaxia) da diarreia do viajante: 200 mg no primeiro dia seguidos de 100 mg diários durante a estada na área (não há dados sobre o uso profilático por mais de 21 dias).  Enquanto que na profilaxia da leptospirose: 200 mg semanais, durante a permanência na zona de perigo (não há dados sobre o uso profilático por mais de 21 dias).

Reações adversas

No geral os mesmos que da tetraciclina. A seguir apresentamos detalhadamente as reações adversas da doxiciclina cápsulas de 100 mg:

  • Comuns: dor abdominal, diarreia, náusea, vômito, descoloração do esmalte dentário, embora em menor grau do que a tetraciclina, descoloração permanente dos dentes (amarelo-cinza-marrom), tontura, retardo no crescimento ósseo, fotossensibilidade (menos comum do que com as outras tetraciclinas)
  • Ocasionais: ulceração esofágica, tontura, ataxia, discrasias sanguíneas, superinfecções fúngicas (oral, genital).
  • Raros: protuberância da fontanela em bebês, hipertensão intracraniana em adultos (pseudotumor cerebral), edema angioneurótico, eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson, eritema fixo, hepatotoxicidade e pancreatite.
  • Ocasionalmente: esofagite, hepatite, intolerância gastrointestinal, candidíase, fotossensibilidade. Não se acumula em caso de insuficiência renal e também não a agrava, se for administrado nesta condição.

Contraindicações

  • Crianças menores de 12 anos,
  • hipersensibilidade às tetraciclinas,
  • gravidez, e
  • lactação.

Interações da doxiciclina

  • A doxiciclina aumenta o efeito da varfarina e da digoxina;
  • O cloridrato de doxiciclina tem menor afinidade para se ligar ao cálcio do que as outras tetraciclinas, como consequência, sua absorção é menos provável de ser afetada pelo leite ou alimentos, embora ainda seja afetada por antiácidos e preparações de ferro.
  • Tomar, ao mesmo tempo, doxiciclina e anticoncepcionais orais com estrogênio, pode diminuir seu efeito. Além disso, pode causar sangramento endometrial.
  • Rifampicina, antiepilépticos (carbamazepina, fenobarbital, fenitoína e primidona) e uso crônico de álcool, podem acelerar o metabolismo da doxiciclina.
  • Uso simultâneo com as penicilinas pode ocorrer antagonismo.
  • Resinas sequestrantes de ácidos biliares: a colestiramina e o colestipol diminuem a absorção da doxiciclina. 
  • Tomar doxiciclina com retinóides (carotenóides) aumenta a probabilidade de hipertensão intracraniana benigna, principalmente a vitamina A.
  • Existe a possibilidade da doxiciclina aumentar as concentrações séricas de ciclosporina.
  • Falso positivo com teste de catecolamina urinária e glicosúria.
  • Os alcalinizantes urinários aumentam a excreção de doxiciclina.

Aspetos farmacológicos

Mecanismo de ação da doxiciclina

A doxiciclina bacteriostático, ou seja, ela é capaz de inibir a síntese de proteínas bacterianas ao se ligar à subunidade ribossômica 30S. Bloqueia a ligação do aminoacil tRNA ao sítio aceptor do Complexo mRNA-ribossomo e, conseqüentemente, a adição de novos aminoácidos à crescente cadeia peptídica.

Além desse mecanismo básico, assim como todas tetraciclinas, pode quelar (se ligar) o magnésio necessário para que ocorra a ligação ribossomal e inibir alguns sistemas enzimáticos das bactérias, incluindo os envolvidos na fosforilação oxidativa. Desta forma, doxiciclina produz um efeito bacteriostático, embora às vezes, se as bactérias forem muito sensíveis e a concentração alcançada for alta, possam causar sua destruição.

A penetração no citoplasma da bactéria é realizada por difusão passiva através dos poros da parede celular e posteriormente por mecanismos de transporte ativos associados a algum transportador. Precisamente, a alteração do sistema de transporte ativo é o principal sistema de resistência das bactérias às tetraciclinas.

Farmacocinéica

Doxiciclina é um antibiótico derivado sintético da oxitetraciclina, que se encontra na forma disponível de hemi-hidrato, hemietonolato e cloridrato de doxiciclina; é um pó cristalino ligeiramente amarelo. Possui alto grau de solubilidade em gordura e baixa afinidade para ligar o cálcio. É altamente estável no soro humano normal.

Estrutura química da doxiciclina
Estrutura química da doxiciclina

Cerca de 90% da doxiciclina é absorvido nas primeiras porções do intestino delgado. Os níveis séricos atingem o pico de em 2 h. Alguns estudos demonstraram que não há diferença significativa na meia-vida da doxiciclina (intervalo de 18-22 h) em indivíduos com função renal gravemente comprometida ou que estejam em hemodiálise.

A doxiciclina se liga às proteínas plasmáticas em vários graus. Tem um volume de distribuição muito alto, superior à água do corpo. A facilidade com que esse antibiótico se difunde na maioria dos tecidos parece estar relacionada à sua solubilidade em gordura.

A doxiciclina passa pela placenta e atinge concentrações no líquido amniótico e plasma umbilical de 10-60% da concentração plasmática. Ele se concentra no osso e no tecido dentário do feto, por isso não devem ser administrados a mulheres grávidas.

No líquido cefalorraquidiano, atingem concentrações de 5 a 25% do plasma, mesmo sem inflamação meníngea. É metabolizado no fígado, provavelmente por conjugação com ácido glucurônico. A proporção do fármaco metabolizado pode ser de 50%.

Aproximadamente 90% é eliminado nas fezes, razão pela qual este antibiótico é usado na insuficiência renal quando uma tetraciclina é considerada.

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